Se havia alguém que ainda não conhecia a Colônia de Pescadores instalada há quase 100 anos na Lagoa Rodrigo de Freitas, com a inclusão do local na trama da novela “Cara e Coragem”, da TV Globo, o segredo acabou. Localizada às margens da Lagoa, na altura do Parque dos Patins, o núcleo de pescadores chegou a ser ameaçado de despejo para a realização de competições de remo e canoagem durante os Jogos Olímpicos 2016. Na época, o grupo de cerca de 30 pescadores conseguiu virar o jogo.
A mobilização viabilizou a reforma do espaço naquele ano, incluindo píer para ancoragem dos barcos e quatro quiosques que servem de alojamento para os pescadores. Este ano, a Colônia passou por nova reforma para virar cenário da atual novela das 19h, aparecendo em cenas das personagens de Taís Araújo (as protagonistas Clarice/Anita), Alexandre Claveaux (Samuel) e Fernando Caruso (investigador Paulo). Segundo Antonio Cláudio Paiva, que começou a ajudar o pai aos 6 anos e está em atividade no local, depois de estudar e passar por outros trabalhos, “o contrato com a emissora de TV não envolve dinheiro, apenas materiais de reposição para nosso trabalho”.
A colônia de pescadores é uma das mais antigas do Brasil e faz parte da Z-13, que tem sede no Posto 6, em Copacabana, e reúne mais de mil profissionais da Urca até o Recreio. Em 2014, o então Ministro da Pesca, Eduardo Lopes, assinou termo de cessão da área para a atividade. Outro passo importante para a preservação da colônia foi a pesca artesanal no município do Rio de Janeiro ter sido declarada Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial, em agosto de 2015. A lei baseou-se nos estudos da antropóloga e moradora do Jardim Botânico Tamar Bajgelman, que reconhece a importância dos pescadores como detentores da memória e de informações valiosas sobre o local.
Antes da pandemia, os pescadores costumavam se envolver em eventos da região, como barqueatas em homenagens a São José (19 de março) e São Pedro (29 de junho), ou levando turistas para ver mais de perto a Árvore da Lagoa, quando ela era montada no centro do espelho d’água no final do ano. Além disso, os integrantes do núcleo costumam ser consultados para estudos ambientais e, em casos de mortandade de peixes e despejo de esgoto no espelho d’água, estão sempre prontos para colaborar para descobrir as origens dos problemas.
Atualmente, a colônia conta com 12 a 16 barcos e até 30 pescadores, entre fixos e folguistas. Alguns pescadores ainda vivem exclusivamente da pesca artesanal, realizada entre 18h e 4h, sem prejudicar as demais atividades no local. No inverno, quando a quantidade de pescado é menor, estima-se que seja capturada, semanalmente, entre 180 e 300 quilos de pescado, sendo que as espécies mais comuns são tainhas e robalos, ocorrendo também siri, acarás, tilápias, corvinota e linguado miúdo. A venda de pescados acontece sempre às terças, quartas e quintas, entre 6h e 12h:
– Temos muita criação na Lagoa. O verão promete uma boa safra – adianta Antonio Cláudio, de 60 anos.
Colônia de Pescadores – às margens da Lagoa, em frente ao Parque dos Patins.
Contato e vendas: (21) 98766-9334 (Antonio Cláudio Maia Paiva) e (21) 96520-3526 (Paulinho)
*Por Betina Dowsley
0 comentários