Foto capa: Chris Martins

“Sou uma pessoa persistente com meus sonhos”. É assim que Anita Schwartz, uma das mais prestigiadas galeristas do Brasil, se autodefine. E o tempo não deixa dúvidas: este ano ela completou  25 anos de trajetória solo no mundo da arte, marco que está sendo comemorado. Primeiro com a exposição  “Anita Schwartz XXV”, em que ela reuniu obras de vários artistas que passaram pela galeria, depois com o lançamento do livro, com texto de Paulo Sérgio Duarte contando a sua história. Com 73 anos de idade, Anita não corre mais na orla, mas mantém o pique e já está com seu foco voltado para a Marina da Glória, aonde vai passar a próxima semana, recebendo artistas e convidados nos seu stand da ArtRio, feira de arte que participa desde a primeira, em 2011.   

A caminhada de Anita começou bem antes. Natural de Recife, ela veio para o Rio de Janeiro ainda nos anos 1970, com o marido e os dois filhos, e nunca pensou em voltar. “Hoje posso dizer que sou mais carioca do que pernambucana, mas não perdi o sotaque!”, brinca. Antes de se mudar, formou-se em Ciências Sociais, mas sua paixão desde pequena era arte mesmo. “Meus pais eram europeus e sempre tiveram muitos quadros espalhados pela casa. Sempre me interessei pelo assunto”, lembra a colecionadora. Por isso, em meados da década de 1980, decidiu trabalhar com aquilo que mais amava e logo se uniu a uma colega para comprar uma galeria que estava à venda no shopping Rio Design Leblon, que foi inaugurada em grande estilo, com uma mostra de Roberto Burle Marx.

Após alguns anos no Leblon e um breve período na Barra da Tijuca, a Anita Schwartz Galeria de Arte se instalou, em 2008, na Rua José Roberto Macedo Soares, na Gávea, e foi uma das primeiras da região. “Hoje, há um circuito por aqui, mas tenho consciência de que fui uma das pioneiras nesse segmento pela região. Fomos um dos primeiros locais construídos para ser uma galeria propriamente dita”, dispara a fundadora, que chegou a procurar espaços por diversos bairros, anteriormente. O projeto do local foi realizado pelo arquiteto Cadas Abranches, que pensou estrategicamente em um ambiente amplo e neutro, influenciado pelo conceito do “cubo branco” para dar destaque às obras, que se espalham pelos três andares, entre os 700 metros quadrados do espaço. Além disso, houve a busca por um ambiente que favorecesse a troca entre visitantes, artistas e curadores. “A discussão era parte do projeto”, conta a galerista.

O “cubo branco”, projeto de Cadas Abranches.

Para Anita, a criação de um circuito não-oficial de galerias no bairro é benéfico para o trabalho. “Acho ótimo para a região. Há momentos em que os espaços inauguram exposições no mesmo dia, ou em dias próximos, criando naturalmente uma agenda”, opina.

Hoje, a Anita Schwartz Galeria é reconhecida como uma das mais importantes do país e está na agenda de uma das maiores feiras de arte do mundo, mas reconhece a importância da ArtRio.. “O evento  é um marco no desenvolvimento do mercado de arte do Rio. Até a criação dele, não tínhamos nada consolidado.”, ressalta Anita, que não esconde o gostinho especial por estar participando do evento no ano em que a sua galeria celebra 25 anos de existência. Entre os artistas que estarão expondo obras no stand da galeria estão Rodrigo Braga, Michelle Rosset e  Esther Bonder – que atualmente estão em exposição no espaço – e Nuno Ramos, além de convidados, como Rafael Baron, Nadia Taquary e a paraguaia Claudia Casarino. 

As obras de Esther Bonder, Rodrigo Braga e Michelle Rosset estão em exposição até 21/10

Além de representar artistas consagrados, como Abraham Palatnik, Nuno Ramos e Lenora de Barros, a galeria é conhecida por dar espaço à nova geração e chegou a realizar projetos como o “Trajetórias em processo”, que convidava jovens talentos e o GAS, uma chamada pública, que já conta, para sua quarta edição com quase 800 nomes inscritos. Desta vez, a seleção das obras será feita por curadores do local. “A cena hoje tem muita gente boa e este edital foi uma grata surpresa, sempre revelando bons nomes.  A própria Michelle Rosset, por exemplo, que está expondo aqui, veio deste movimento”, analisa Anita Schwartz, que acredita que o Brasil passa por um momento de efervescência cultural.  Michelle, junto com Rodrigo Braga e Esther Bonder são as atrações da galeria até 21 de outubro.

Nessas quase três décadas em atividade, Anita já viu de tudo. Desde as polêmicas instalações de Nuno Ramos, que já chegou até a produzir sabão dentro da galeria para encher um barco, ou colocar um globo da morte –  à experimentações sonoras, como a obra “Triple Ohm”, de Paulo Vivacqua. Segundo ela, tudo ajudou a construir uma identidade não só para a galeria, mas para ela mesma. “Não tenho uma mostra favorita. Todas ajudaram a moldar esta história. Posso dizer que é sonho realizado, um projeto de vida”, conclui.

O famoso barco de Nuno Ramos, que ocupou a galeria em 2008

ANITA SCHWARTZ GALERIA DE ARTE

Rua José Roberto Macedo Soares, 30

De segunda a sexta, das 10h às 19h, e domingo, das 12h às 18h

Contato: (21) 99603-0435

Entrada franca