27 de agosto de 2020
ORGÂNICOS EM ALTA

A venda de produtos orgânicos cresceu e frutificou durante a quarentena. Não faltam explicações para o crescimento. A primeira delas é que este segmento já apresentava tendência de alta de 15 a 20% antes da crise da COVID-19, segundo dados da Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) e um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), publicado em fevereiro deste ano.

Para Renato Martelleto, que tem quase 24 anos de atuação no Movimento Orgânico do país e é fundador da Uni Orgânico Rio, outro fator importante para esse crescimento está relacionado à saúde. Alguns estudos associam doenças degenerativas (Parkinson, Mal de Alzheimer, Câncer, etc.) com o excesso de alimentos com aditivos químicos consumidos ao longo da vida. A associação beneficia mais de 300 famílias de produtores orgânicos e agroecológicos em todo Brasil e tem como meta valorizar os produtores orgânicos e possibilitar que as pessoas se alimentem dignamente.

– Nesse momento de pandemia, manter o sistema imunológico saudável é um importante preventivo. Com isso, existe uma profunda reflexão social na busca de uma reeducação alimentar visando a uma alimentação nutritiva e isenta de venenos – afirma ele.

Além do conceito de que a alimentação orgânica representa esperança de uma saúde melhor, é preciso levar em consideração as novas maneiras de vender os produtos e a solidariedade dos consumidores, especialmente no cenário atual. Fato é que, de um dia para o outro, foi preciso repensar a logística para fazer os produtos chegarem diretamente aos consumidores e contar com a divulgação dos antigos clientes. O bom e velho boca-a-boca foi fundamental e tomou conta dos grupos de WhatsApp e demais redes sociais. O resultado é que, apesar da dificuldade de adaptação enfrentada nas primeiras semanas, o novo modelo de entregas em domicílio agradou, por facilitar o desejo de consumir produtos mais saudáveis, com origem conhecida. Além do mais, todo mundo – ou quase todo mundo – passou comer em casa e a fazer sua própria comida, gerando aumento do consumo desses tipos de produto.

A nova tendência levou a banqueteria Carla de Brito a criar, com seu companheiro Jeronymo Machado, a Organifique-se. Os dois sempre trabalharam com eventos e, com o cancelamento dos mesmos por tempo indeterminado, passaram a explorar comercialmente a produção orgânica da fazenda da família de Carla, localizada entre Teresópolis e Friburgo. Em sua oitava semana, a Organifique-se já vende toda sua produção atual. “Estamos investindo na ampliação da plantação para atender a demanda, especialmente de moradores do Jardim Botânico”, destaca Jeronymo. Entre os produtos comercializados semanalmente, estão banana, tangerina ponkan, couve e abóbora.

– Estamos pedindo cestas orgânicas de vários lugares, todas ótimas! A Organifique-se tem dois tipos: a Brotinho (R$ 55) e a Fartura (R$ 75). Não dá para escolher os produtos, depende da colheita, que é feita no mesmo dia da entrega – explica a moradora Ângela Tostes, que costuma comprar a pequena, ideal para duas pessoas.

A jornalista Simone Ruiz ingressou no mercado de orgânicos após o falecimento do pai, no começo do ano. Ela assumiu a administração do sítio da família, em Saquarema, e, além do palmito pupunha que produziam há dez anos, começou a vender também outros alimentos. Com o fechamento dos restaurantes, Simone passou a oferecer a produção para os amigos e está satisfeita com o resultado: “O negócio está dando frutos e estou em busca de um local que sirva de base para os produtos do sítio no Rio”, afirma.

Para quem prefere escolher o que vai comprar (e comer!) tem a feira orgânica – todos os sábados, até o meio-dia, no pátio da Igreja São José da Lagoa – e o Meu Amigo Tem um Sítio, que oferece mais de 200 itens agrupados em cestas P, G ou Zero (o cliente monta do zero), ao gosto do freguês. Criada em 2015, Meu Amigo Tem um Sítio é uma rede de apoio a pequenos produtores, cujos nomes e histórias podem ser conhecidos no site ou no recém-lançado aplicativo, criado com a finalidade de dar mais praticidade à compra. Entre as variedades, há frutas, legumes, verduras, ervas e temperos, pães, massas, grãos, leite, queijo, ovos, mel e até frutos do mar. O cliente – entre os quais a atriz Glória Pires – faz o cadastro e depois é só fazer o login e encomendar.

Morador do JB, o ator Marcos Palmeira foi um dos pioneiros na popularização de produtos hortifrúti orgânicos. O primeiro ponto de venda dos produtos de sua fazenda em Teresópolis, no Rio, foi a feira orgânica organizada pelo Armazém do Café, no Leblon, no início dos anos 2000. Atualmente, os principais produtos da fazenda Vale das Palmeiras são os derivados lácteos, com destaque para o queijo minas frescal, mas tem também mel, café, chocolate, cenoura, laranjas e diversas verduras. No JB, é possível encontrar alguns desses itens no supermercado Zona Sul e em outros endereços, além da possibilidade de compra direta do produtor por meio do site da fazenda. Há mais de 20 anos no mercado, Palmeira reconhece a importância da certificação dos produtos para o sucesso do negócio:

– A certificação anual é o que o produtor orgânico tem de mais valioso. É importante não se descuidar para não perder a reputação, que é muito difícil de conquistar – aconselha.

Quer experimentar? Segue uma lista de redes e produtores orgânicos indicados por moradores da região:
Organifique-se – entregas todas as quintas-feiras em toda a Zona Sul e Tijuca: (21) 96670-6843 Taxa de entrega de R$ 5,00
Meu Amigo Tem um Sítio – Entregas às terças, quintas e sábados. Pedido mínino de R$ 60,00.
Uni Orgânico Rio – Entregas às terças e quintas. Os pedidos devem ser feitos às segundas e quartas até as 13h: (21) 974843074
Orgânicos Liberdade – entregas de 10 em 10 dias: (21) 99615-7102
Sítio Guaxupé – pedidos de palmito até terça, às 14h, com entregas às quintas e sextas: (21) 991010937
Sítio Cachoeira: (21) 99731-0726
Vale das Palmeiras – À venda no JB nos supermercados Zona Sul, padaria Grano & Farina e do restaurante/mercado Rayzes.

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