24 de maio de 2024
VAMOS SALVAR A LAGOA DO ABANDONO!

O que mais me encantou quando eu troquei a Tijuca pelo Jardim Botânico, foi a proximidade com a Lagoa.  Adoro essa facilidade de ir e vir pela ciclovia. Seja para uma consulta ao dentista no Leme ou resolver alguma urgência doméstica em Ipanema. E adoro ter este cartão postal no quintal de casa para levar os amigos gringos estrangeiros. Sou usuária da região em vários horários e tenho que confessar que já tem tempo que a Lagoa – especialmente a área do Parque dos Patins –  já não é mais a mesma. 

Parque dos Patins mal iluminado

Desde o ano passado eu venho acompanhando, nos meus rolés, as obras de melhorias na Lagoa. Trocaram as pedras, recapearam a pista em toda a sua orla, mas de repente, o que se viu foi o Parque dos Patins, abandonado, sem iluminação, com o comércio fechado e o pior: sem gente circulando. A segurança também é falha – mesmo com a presença do Lagoa Presente ali perto.  Segundo o Instituto de Segurança Pública, o número de roubos aumentou 46% nos primeiros quatro meses deste ano, comparado ao mesmo período de 2023.  É o maior percentual registrado nos últimos cinco anos. Com todos esses dados, o carioca morador da região, que usa a área para fazer exercícios ou lazer, está mais recluso, evitando sair. 

O pedalinho já não tem a procura de antes…

Mesmo o pedalinho, que costumava ter uma fila grande, encontra-se vazio. Além da falta de segurança, alguns outros fatores ajudam a entender a pouca frequência.  Para começar, o estacionamento deixou de ser rotativo – que você pagava um valor único e ficava o tempo que quisesse – para ser por hora, sendo que a primeira custa R$12, a segunda, R$22 e por aí vai…Pode isso?

Outro ponto que, na minha opinião, não combina com a Lagoa, são os quiosques do Parque dos Patins – se é que podemos chamar assim, já que eles dobraram ou triplicaram de tamanho – que não abrem durante a semana e funcionam apenas sábados e domingos tarde da noite e mesmo assim para eventos fechados.  O primeiro a chegar foi o Bosque Bar, depois veio o Calçada Bar e agora o Aldeia, que ocupa o espaçoque, por muitos anos, foi do Arab.

Aliás, esta mudança tem uma bem esquisita, por sinal. Acompanhem: o Arab vivia ali há 25 anos e um belo dia, decidem mudar as regras do jogo, fazem uma licitação diferente, de envelopes fechados, que joga o restaurante para outro lado da Lagoa e o novo comerciante vem a ser justamente a empresa que está atualmente administra o estacionamento da área. Estranhas coincidências.

A região sempre teve uma rotina de moradores frequentando todos os horários: primeiros os atletas, depois famílias que levam os filhos para brincar e ficam para o almoço, depois os jornais e mais tarde, os baladeiros. Agora não tem mais isso. O Aldeia ainda equipou o espaço com espreguiçadeiras e permite que os visitantes se sentem ali, mesmo sem consumir. E diante da demanda que surgiu, os donos decidiram colocar um food truck ao lado para vender algum belisco, mas eu confesso que nunca vi aberto. Outro ponto ruim do novo estabelecimento é o banheiro, que mudou de lugar e deixa um cheiro de urina dominando a área.  Ah, e a cereja do bolo é o preço da cerveja. Um amigo levou um susto quando teve que pagar R$22 por uma Corona long neck. Pode isso? 

Aliás, por falar em Prefeitura, também chama a atenção o cortiço que esses quiosques acabaram transformando o cartão postal da cidade. Sempre que passo ali lembro do ditado “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Na frente é tudo bonito, mas atrás, você vê lonas cobrindo o espaço, sem o menor cuidado.  Eduardo Paes, que sempre multou pesado quem não cumpria as regras de ordenamento urbano, está fechando os olhos para essa favelização da Lagoa.  Pode isso? O quiosque Aldeia: bonita na frente, cortiço atrás

O quiosque Aldeia frAo longo das últimas semanas fui parando e puxando conversas com visitantes de outros bairros, para ver se era implicância minha, mas não. Para quem vem da Tijuca, como Luiz Vinícius e Marcela, o passeio sempre vale a pena, especialmente agora que estão com bebê pequeno e aproveitaram as espreguiçadeiras do Aldeia Bar para sentar. Mas sentem falta de um quiosque aberto, com opções para o almoço para curtir a área enquanto o pequeno dorme. 

Marcela e Luiz sentem falta de um lugar aberto no domingo.

Conversando com amigos empresários, eles sinalizaram o alto custo para manter um ponto ali aberto o tempo todo.  Até entendo, mas acho que na hora dos acordos, a Prefeitura tem que pensar na demanda da região. Não seria melhor  deixar o lucro um pouco de lado e dar condições do público frequentar a região sem se sentir lesado, para não dizer roubado, com tantos custos altos? Ao mesmo tempo, não cabe aos órgãos públicos cobrar a execução das leis de ordenamento urbano?  

O fato é que a Lagoa é muito bonita para estar sendo loteada e mal tratada. Precisamos ocupar as ruas e a Lagoa com os moradores, com cultura, com comércio e, principalmente, com segurança.  E isso não se resume a baladas e noitadas, mas com atividades para todos os turnos, manhã, tarde e noite.  Seria bom o Prefeito lembrar que tá na hora (especialmente em ano eleitoral) de pensar no cidadão e morador desta cidade que um dia foi Maravilhosa. Quiosques menores, funcionando todo o dia em horários alternativos, com programação variada (para todas as idades) e segurança. A gente agradece. 

 

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