O projeto Tênis na Lagoa, fundado por Alexandre Borges, completou 20 anos. Em entrevista ao JB em Folhas, Alexandre revelou que o impulso para iniciar essa jornada veio de uma promessa feita à sua mãe um mês antes de ela falecer. Ela o encorajou a “fazer pelo outro o que ele tinha de melhor a oferecer” e, ao transformar o tênis em uma ferramenta de inclusão, ele honrou seu pedido, impactando a vida de dezenas de crianças e jovens de baixa renda.
Alexandre conta que sempre via boleiros, jovens de famílias humildes que trabalhavam nos clubes ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas. Observando o interesse deles pelo tênis, e a falta de oportunidade para praticarem, Alexandre os convidou a aprender a técnica do esporte em sua quadra. “Quando eu perguntei se eles sabiam jogar, disseram que batiam bola nos clubes, mas não podiam praticar. Então, eu os chamei para aprenderem, e logo repassaram para os amigos. Quando percebi, o grupo já tinha 60 pessoas”, recorda. Hoje, o projeto atende a quase 210 alunos, oferecendo aulas e suporte contínuo, mesmo enfrentando desafios financeiros que limitam o acesso a materiais adequados e a reposição de bolas.
Mais que ensinar uma habilidade esportiva, Alexandre enfatiza o impacto social e pessoal que a prática do esporte proporciona. “O tênis promove a concentração e o reflexo. Você aprende a perder e a ganhar. Equilibra a mente para saber como atacar e defender no jogo”, explica. Essas habilidades contribuem não apenas para o desenvolvimento esportivo dos alunos, mas também para a formação de um caráter resiliente e disciplinado, que é fundamental para jovens que, muitas vezes, enfrentam adversidades no cotidiano.
Formado no projeto, Antonio Vitor tem participado de campeonatos internacionais
Ao longo desses 20 anos, o projeto também formou alunos que alcançaram um novo patamar, disputando grandes torneios de tênis no Brasil e até no exterior, como o Antônio Vitor, que ganhou um campeonato em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A dedicação e disciplina aprendidas no Tênis na Lagoa abriram portas para esses jovens competirem em alto nível, reforçando o valor transformador do esporte e inspirando as novas gerações de participantes do projeto.
Nos últimos anos, alguns alunos do Tênis na Lagoa contam com uma experiência a mais: participam como boleiros no Rio Open, o maior torneio de tênis da América do Sul. Para Alexandre, essa é uma das realizações mais emocionantes do projeto. Ele descreve o impacto de ver essas crianças, que normalmente não teriam condições de pagar um ingresso, interagindo com seus ídolos. “Imagina uma criança pobre, sem dinheiro para assistir o Rio Open, e ela consegue ver seu ídolo de perto. O controle emocional de falar com o Nadal, não como fã, mas como uma ajuda em quadra? É incrível.”
Ao longo desses 20 anos, o projeto se consolidou como um espaço de inclusão e transformação, reforçando que o esporte pode ser um caminho para o desenvolvimento humano e a superação de barreiras. Agora, com o Natal se aproximando, alunos do projeto – em situação de vulnerabilidade social – escreveram cartinhas para o Papai Noel. Os pedidos estão disponíveis para que padrinhos e madrinhas escolham como desejam transformar o Natal de uma das crianças, realizando seu desejo. No total, são 180 cartinhas para serem escolhidas. Quem tiver interesse é só entrar em contato com o projeto pelo e-mail tenislagoarj@gmail.com ou pelo Instagram @projetotenisnalagoa.
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