21 de novembro de 2024

CINCO PERGUNTAS COM DR. PIETRO VANNI

“A cannabis medicinal é uma realidade A cada dia, novos pacientes descobrem as vantagens do uso desse medicamento, deixando o preconceito para trás. Mas ainda é preciso combater a desinformação”. Essa é a opinião do psiquiatra Pietro Vanni, diretor da Gravital, uma rede de clínicas especializadas em terapias com cannabis medicinal. Fundada em 2019 pelo médico Joaquim Castro, a Gravital tem sede em Botafogo no Rio de Janeiro, e vem expandindo sua atuação para outras cidades brasileiras, contando com mais de dez mil atendimentos desde a sua criação.

Com uma abordagem que segue modelos inspirados em clínicas do Canadá e dos Estados Unidos, a Gravital atende pacientes que buscam soluções terapêuticas inovadoras. Sob a liderança de Pietro Vanni, a clínica se tornou referência em tratar sintomas de doenças como ansiedade, insônia, transtornos do desenvolvimento, fibromialgia e condições neurodegenerativas. “A maior procura está na psiquiatria e neurologia, mas há aplicações amplas”, afirma o médico, destacando o potencial da cannabis medicinal em promover qualidade de vida para pacientes de diversas áreas. E o preconceito ficou para trás. “Todo mundo já sabe que a cannabis pode ser usada na medicina. O que ainda atrapalha é a desinformação”, atesta.

O JB em Folhas entrevistou Pietro Vanni, psiquiatra com uma trajetória marcada pelo compromisso com a inovação no tratamento de condições médicas e mentais. Ele compartilhou sua experiência na área e os desafios de liderar a expansão nacional e o impacto terapêutico da cannabis medicinal em tratamentos de ansiedade, insônia, transtornos do desenvolvimento e doenças degenerativas.

JBemF: Qual é o grande diferencial do uso da cannabis medicinal?

PV: A Gravital oferece um modelo de atendimento que prioriza a segurança e o bem-estar dos pacientes, com um compromisso em oferecer terapias baseadas em evidências para condições complexas e, muitas vezes, refratárias. Com uma equipe especializada e foco no aprimoramento contínuo de seus tratamentos, a clínica tem impactado positivamente a vida de milhares de pessoas, que encontram na cannabis medicinal uma alternativa eficaz e com menos efeitos colaterais. Através de iniciativas como o Clube Gravital, a clínica amplia o acesso a tratamentos e colabora para a construção de um novo paradigma na medicina, onde terapias naturais e inovadoras complementam os métodos tradicionais de forma integrada.

2. JBemF: Em quais tratamentos a Clínica Gravital atua?

PV: Algumas condições médicas têm aprovação para o uso de cannabis em todos os tipos de dor, como esclerose múltipla, epilepsia refratária, mas os canabinoides conseguem tratar praticamente todos os tipos de dores, como ansiedade, insônia, transtorno de desenvolvimento, autismo e Síndrome de Tourette.

Existem dois perfis de paciente: um é aquele com condição refratária ou que não há tratamento suficiente, como, por exemplo, Parkinson e Alzheimer. O outro é o que apresenta um quadro leve, como ansiedade ou insônia. Mas está surgindo um terceiro perfil, que é o de pessoas querendo se livrar da quantidade de alopáticos que tomam. Tem paciente que usa quatro, cinco remédios diferentes. Às vezes, através dos canabinoides é possível reduzir a dois ou três.

3. JBemF: O tratamento com cannabis medicinal é caro?

PV: Temos produtos disponíveis que conseguem proporcionar um tratamento com um custo inferior a R$100 ao mês. Dificilmente vai além de R$200 ou R$300, algo que, comparado aos alopáticos, fica no mesmo orçamento. Se a prescrição for para o produto vendido em farmácia, o paciente já sai da consulta com a receita azul e vai direto para a farmácia comprar e iniciar o tratamento. Se for um medicamento importado, aí chega a ser de 5 a 10 vezes mais barato, mas tem que esperar mais. A clínica envia um email para a empresa que faz o medicamento e cuida do trâmite com a Anvisa e a coloca em contato direto com o paciente e a entrega costuma acontecer em até 30 dias pelos Correios.

4. JBemF: Qual o valor médio da consulta?

PV: Cada médico tem o seu valor, que gira em torno de R$600. Mas através do Clube Gravital, é possível aumentar a adesão do paciente e também conseguir que fique mais em conta. Ele vai pagar uma mensalidade, em 12 vezes de R$30, garantindo o direito a consultas por R$360 cada, e pode indicar quatro pessoas para ter consultas por esse valor.

5. JBemF: O fato de a pessoa fumar maconha ajuda ou prejudica o tratamento?

PV: É importante entender que há uma diferença grande em fumar maconha e usar a cannabis medicinal. A primeira pode ter uso recreativo e positivo, se usada com moderação, assim como beber álcool, mas também tem o seu lado negativo se usado sem moderação. Mas o que vem ocorrendo, é que muitos pacientes procuram a clínica buscando trocar o fumo pelo uso oral, para reduzir a ansiedade. Isso funciona, porque é possível reduzir o hábito de fumar, que é alto em THC, e, consequentemente, danoso. A gente consegue usar o canabidiol com um pouco de THC e o primeiro protege o organismo dos efeitos colaterais do segundo.

A clínica promoveu um encontro na Casa Caminhoá em outubro.