Os alunos do curso de Design de Interiores da Universidade Candido Mendes, em Ipanema, vão tomar conta do Atelier Fernando Jaeger, a partir de 27 de novembro. Tudo por conta da mostra “Entre, Palavras’”, que vai ocupar o casarão da rua Corcovado, no Jardim Botânico, até 15 de fevereiro de 2025. A proposta do evento foi lançar o desafio, para os alunos criarem uma decoração surpreendente em cinco ambientes da casa, além da loja VITRINE, tendo o tema LIVROS como inspiração. Os ambientes foram decorados e produzidos por 20 alunos do último período do curso de Design – divididos em grupos -, com a mentoria do arquiteto Pedro de Hollanda, sócio do escritório Aocubo Arquitetura e professor da turma.
– Queríamos que os autores que inspiram os espaços e os livros, em si, fossem parte integrante do visual de cada ambiente. A ideia é trabalhar com palavras em diferentes formas e formatos”, afirma Regina Kato, dona da marca e curadora do evento, ao lado da jornalista Simone Raitzik.
Adriana Góes, Angélica Miranda e Bel Tinoco ficaram responsáveis pelo ambiente da sala de leitura (foto Chris Martins)
Cada ambiente tem uma dupla de escritores como inspiração. Na sala de jantar do espaço, Ilda Hilst e Torquato Neto serviram de inspiração, enquanto o ambiente de leitura, teve Marta Batalha e Itamar Vieira e a sala de estar, Cartola e Matilde Campilho. Já a varanda e o jardim foram ocupados pelas palavras de Arnaldo Antunes e Ferreira Gular e no quarto, o estilo literário de Carla Madeira e Fernanda Young marcam presença. E na Vitrine, a loja de rua de Fernando Jaeger ficou por conta de Manoel Barros e Ana Cristina César.
“Estamos incentivando os participantes a se surpreenderem com o tema, garimpando ideias de artistas, artesãos e montando espaços permeados de personalidade”, sugere Simone.
Vale aproveitar o passeio para conhecer o belo casarão onde está instalado o Atelier Fernando Jaeger, que está sempre abrindo suas portas para a cultura.
– Acho importante promover estes encontros. Essa casa é uma relíquia do século passado, com pé direito alto, janelões e uma arquitetura original, que merece ser visitada. Esses encontros e exposições são uma forma de incentivar esse acesso. – afirma Regina.
AMBIENTES
“Ousadia & Transgressão” (Sala de Jantar) – Uma homenagem a Hilda Hilst e Torquato Neto
Para abraçar a intensidade, a profundidade emocional, a ousadia e a transgressão da vida e da arte de Hilda e Torquato, as designers usaram na sala de jantar tons intensos, fortes e muito contraste. Criam ali a brincadeira de um jantar fictício, onde os autores trocam suas visões de mundo.
“Tramas & Raízes” (Sala de leitura) – Uma homenagem a Itamar Vieira e Marta Batalha
Fotos, livros e obras de arte nas paredes, mix de coleções de arte popular brasileira e peças antigas nas prateleiras refletem um espaço plural, repleto de personalidade, e onde as narrativas estão presentes. Inspirado nas obras dos autores Martha Batalha e Itamar Vieira, o ambiente traz uma atmosfera especialmente acolhedora, o pouso para a persona escritora e criativa da moradora. Destaque para a luminária-arte de Antonio Medeiros
“O Silêncio” (Sala de estar) – Uma homenagem a Cartola e Matilde Campilho
Este espaço não é apenas um ‘lugar de silêncio’, mas uma ode ao silêncio. Uma sala de estar que convida ao recolhimento, ao mesmo tempo em que exibe as marcas do desajuste e das pedras que compõem toda jornada. O conceito minimalista é traduzido através de uma linguagem com paleta em tons neutros e uso de materiais que evocam a natureza. Em destaque, no ambiente: uma árvore flutuante, simbolizando nossa “semente interior”, que, ao ser cuidada, floresce e se torna vigorosa. Uma estante cobre uma das paredes, enquanto as demais superfícies ganham pintura artística, com efeito desgastado. Obras de arte introduzem toques de cor, criando pontos de interesse. Sofás, bancos, mesas de centro e laterais, poltronas e luminárias são dispostos de forma a convidar à contemplação e ao acolhimento.
“Oásis urbano” (Varanda e Jardim) – Uma homenagem a Arnaldo Antunes e Ferreira Gullar
Inspirada pela obra de Arnaldo Antunes e Ferreira Gullar, a varanda explora a dualidade entre movimento e introspecção, capturando a essência do convívio e da contemplação.Neste espaço, a linha entre o exterior e o interior se dissolve, convidando os visitantes a uma experiência sensorial onde a natureza e a cidade se encontram em perfeita harmonia. A paleta de cores privilegia verde, ocre, madeira e grafite, refletindo a harmonia entre o natural e o urbano, aliando peso e leveza, em doses equilibradas. No teto, destaque para a luminária com descartes de plástico da Pirilampos.
“O vazio” (Vitrine Von Martius) – Uma homenagem a Ana Cristina César e Manoel de Barros
No desimportar dos significados das palavras de Manoel de Barros ao diálogo quase monólogo e intimista de Ana Cristina César, parece haver um vazio. Ou melhor, parecem brotar múltiplos vazios. O projeto da vitrine encontra nesses vazios a simplicidade das formas primitivas e orgânicas como é o pulsar da poesia. As cores se manifestam na areia, nas folhas, no barro do tijolo ou na textura da madeira de nossa ancestralidade.
“O Caos” (Quarto) – Uma homenagem a Carla Madeira e Fernanda Young
O projeto reúne aconchego, sofisticação, intensidade e ao mesmo tempo o maximalismo, através da paleta de cores e da diversificada curadoria de obras de arte e objetos garimpados. O olhar é atraído pela parede que reúne memórias, como um álbum exposto que revela o real e imaginário que transborda na escrita de Fernanda e Carla. Destaque para a móbile-arte de Virgilio Bahde.
Os simbolismos e ambiguidades do matrimônio, explorados de forma marcante em “Tudo é Rio” (Carla Madeira), aliados à encarnação da figura da noiva na obra e vida de Young, foram utilizados de forma lúdica na decoração, com o vestido integrando parte das peças em exposição, como um retrato “físico” da narrativa.
“Nossas avós sabiam que a lua não fica cheia em um dia” (Corredor)
A proposta foi valorizar especialmente a arquitetura generosa das casas centenárias, com sancas e pé direito alto. Teto e paredes brancos dão destaque a obra “Nossas avós sabiam que a lua não fica cheia em um dia”, das artistas cariocas, e irmãs, Alice e Gabi Gelli. Frases escritas com letras feitas de crochê de linha azul, presas por pequenos alfinetes, são resultado de uma pesquisa da dupla sobre a perspectiva do encontro, da troca e do tempo.
ENTRE, PALAVRAS
ATELIER FERNANDO JAEGER – RUA CORCOVADO 252 – JARDIM BOTÂNICO
VITRINE FERNANDO JAEGER
Rua Pacheco Leão 320 – Bloco A – Loja F* (Ao Lado Do La Bicyclette)
Horário de Funcionamento: de segunda a sexta, de 10h às 19h
Sábado, de 10h às 15h
De 27 de novembro de 2024 a 15 de fevereiro de 2025
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