Depois de cinco meses em Petrópolis, onde se abrigou da pandemia com a família, a atriz Betty Gofman está de volta ao Jardim Botânico e, aos poucos, começa a retomar sua rotina. Depois de voltar como Dona Bela na edição especial da Escolinha do Professor Raimundo – que imitou a experiência on-line dos estudantes de estabelecimentos de ensino particulares durante a quarentena –, o programa retoma gravações no Projac em setembro, com todos os protocolos de higiene e distanciamento necessários.
– Me sinto muito privilegiada por ter tido a chance de poder dedicar esse tempo da quarentena às minhas filhas, ficar com elas e protegê-las – confessa a atriz, mãe das gêmeas Helena e Alice, de 9 anos.
Logo no início da pandemia, Betty, o marido Hugo Guimarães Barreto Filho e as filhas subiram a serra e ficaram isolados, com acesso reduzido à internet, já a fibra ótica só chegou por lá no final do período. Foi um tempo para se conectar com a natureza, acompanhar o dia a dia das meninas e fazer muita yoga.
– Sou muito disciplinada e cuido bastante da minha alimentação, ainda assim tive três crises de coluna durante a quarentena. Meu maior ganho neste período foi descobrir que posso praticar yoga sozinha, mas sinto muita falta dos meus mestres – reflete a aluna de Mahavir, da Yoga One, na Gávea, e de Dani Visco, da Puri, no JB.
Poder manter a prática sozinha, em qualquer lugar, é mesmo muito importante para a atriz, para quem a yoga serve também para levantar a energia e reunir forças para ajudar aqueles que estão à sua volta. Como atriz, Betty se sente diretamente atingida pelo total descaso dos políticos brasileiros com a cultura.
– A doença atual vai muito além da pandemia de COVID-19. Está nas coisas horrorosas e desamorosas que os políticos falam e fazem. Principalmente no setor cultural, em que os representantes não nos representam. Sinto uma tristeza profunda e vergonha – analisa.
A tristeza e o desânimo, porém, logo desaparecem quando o assunto é bicho. Betty adora os animais de uma maneira geral e participa de associações de proteção, integra comissões, organiza vaquinhas e, acima de tudo, pega, cuida e dá abrigo – ainda que temporário – para os bichinhos. No primeiro semestre, continuou apoiando à distância, mas, em mais de dez anos de dedicação, ela já resgatou, cuidou e disponibilizou para adoção cerca de 350 cães e gatos encontrados nas ruas. “Minhas filhas também adoram os animais. Por elas, ficaríamos com todos. Tenho sempre que lembrá-las de que aqui é uma casa de passagem”, orgulha-se ela, que tem um gato e cinco cachorros, sendo que apenas um não veio da rua.
– Não tô nem aí para o que falam ou pensam sobre mim. Não consigo ver sofrimento – admite a atriz, que conta com quatro aliados fundamentais: as veterinárias Flávia Tavares, da Intergávea; Lucia de Almeida Abt, da Mia Latea; Carmen Helena Vasconcellos, cirurgiã oncológica do Hospital Veterinário Botafogo; e a Rio Pet Gávea, onde Betty costuma deixar seus animais quando precisa viajar ou mesmo em períodos de muito trabalho.
Betty sempre quis seguir carreira de atriz e vinha da Tijuca, de ônibus, para estudar n’O Tablado. Depois de morar muito tempo no Leblon, mudou-se para o Jardim Botânico há 15 anos. Aqui, seus estabelecimentos favoritos são a Casa Carandaí, La Bicyclette, Empório Jardim e Asa Açaí, “eles trazem o fruto de Belém, de uma cultura de manejo. Um espetáculo!”.
Entre os projetos futuros adiados para 2021, está uma participação na novela “Em seu lugar”, de Lícia Manzo, com direção de Mauro Farias, além de um espetáculo teatral. Mas o que ela mais quer mesmo, quando for possível novamente, é poder fazer uma grande festa, para reunir todos os seus amigos, com direito a abraços e beijos.
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