Texto e foto (home): Zé Miranda

Dia 16 de maio é a data escolhida para celebrar os profissionais que fazem limpeza pelas cidades de todo o Brasil. Estamos falando dos garis, termo que surgiu em homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary, que, em 1976, fundou a primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro. Cada região tem um gari para chamar de seu e no Jardim Botânico não faltam profissionais queridos. Quem tem o hábito de frequentar a Praça Pio XI certamente já notou o sorriso, de orelha a orelha, estampado no rosto de Luiz Cláudio Loyola, 53 anos. Há duas décadas cuidando da região, sempre com óculos escuros e alegria, ele leva a essência do carioca gente boa para o trabalho: está sempre de bom humor e pronto para gentilezas. 

Nascido e criado no Estácio, na comunidade São Carlos, onde vive até hoje, Loyola começou a trabalhar aos 14 anos, como contínuo no centro da cidade. Aos 20, surgiu a oportunidade de participar de um concurso para integrar a equipe da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), no qual foi aprovado de primeira. Após passar os seis primeiros anos de sua carreira cuidando de Santa Teresa, foi remanejado para o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e depois para a Praça Pio XI, onde está atualmente. Desde então, com exceção de algumas breves ações no Leblon, nunca mais saiu da região. São décadas contribuindo ativamente para a limpeza de um dos bairros mais importantes da Zona Sul carioca. 

Loyola acredita que as pessoas que estão ao seu redor no dia a dia, e o ambiente que se estabelece entre as mesmas, são essenciais para que haja um trabalho bem feito. Grato pela relação criada com a vizinhança,  para ele, um simples bom dia e um sorriso já são “um grande incentivo”. 

O gari é querido pelos moradores e pelas crianças da Praça Pio XI (Fotos: Chris Martins) 

“Apesar de não ser um serviço fácil, pela demanda física e mental, eu acho muito gratificante. Procuro fazer as coisas da melhor maneira o possível, sempre, porque me orgulho do que faço. Gosto de ver a rua limpa e, aqui no JB, tem muitos  moradores que ajudam”, diz ele. 

Mesmo com o reconhecimento dos moradores, Luiz Cláudio acredita que pode haver mais conscientização com o descarte de lixo, que ainda não é feito de maneira adequada.  

Todos dependem do serviço realizado pelos lixeiros e, ao aprender sobre os dias de coleta, o morador pode cooperar com a limpeza da região. Basta um acesso ao site da Comlurb para se informar sobre o dia e horário da coleta em cada rua. 

De férias até o começo de junho, Loyola só quer “sossego”. Vai aproveitar para passear com a mulher, Maria Cândida, os filhos e os netos e, quem sabe, jogar uma pelada sem ter que se preocupar com a escala de trabalho. Ou mesmo assistir a um jogo do seu time, o Flamengo. Na sua ausência, a praça fica mais triste. Mas ele sabe que, ao retornar, será recebido com carinho pelos moradores. 

Luiz Claudio e Barbara Lau na campanha “Joga fora no lixo”, promovida pelo Bloco da Pracinha

“Eu tive o privilégio de conhecer pessoas fantásticas aqui nessa área. Sou muito grato por trabalhar nesse setor, com pessoas tão especiais”, garante ele, com um sorriso no rosto.