15 de maio de 2025
AS NOVELAS DA GLOBO A GENTE VÊ POR AQUI

Quando se pensa em Jardim Botânico, em primeiro lugar vem o parque que dá nome ao bairro, o Parque Lage e a TV Globo. Falem bem ou falem mal, não tem como negar a importância da emissora no crescimento e na urbanização da região. Na verdade, para ser bem sincera, não tem como ser carioca, ter 60 anos, e não ter referências da famosa Vênus Platinada na sua vida.  

Minha primeira lembrança da Globo vem dos 7 anos, quando vim da Tijuca com meus pais visitar uma amiga da família, a Guta Mattos, que era diretora de elenco da emissora nos anos 1970.  Lembro que a sala dela ficava onde atualmente é o La Bicyclette, o que me foi confirmado pelo Armando, dono da padaria Século XX, quando o entrevistei para o projeto JB em Folhas & Histórias. Guta era de estatura baixa tinha problema de hipercifose – também conhecido como corcunda – mas tenho lembranças dela simpática, levando a trupe para conhecer a emissora e sendo paparicada pelos artistas. Não era para menos: naquele tempo, cabia a ela decidir quem participava das novelas. Já era empoderada em um tempo em que o machismo falava alto. Como eu poderia imaginar que, tempos depois, trabalharia com jornalismo, faria um curso na emissora e ainda viria morar bem pertinho?

Devo à Globo também minha cultural musical, formada através dos LPs com trilhas de novelas que colecionava. E naquele tempo, tinha a trilha nacional e internacional, todas excelentes.  Durante a pandemia, a cantora Teresa Cristina promoveu uma live cantando trilhas e era só sucesso. Literalmente. Nesse período de isolamento, confesso que aproveitei para rever algumas novelas na Globoplay e, agora como moradora do JB, tomei consciência do quanto a Vênus Platinada usou muito as ruas, vilas e espaços da região como cenário em suas produções. 

Conversando sobre esses cenários naturais usados pela emissora, Diléa Frate, jornalista, moradora – e ex-funcionária da Globo -, lembrou que era comum ter o arco do arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro encerrando novelas, como um “final feliz”. No entanto, ela não soube lembrar especificamente de uma produção. “Lembro de conversar com o Tony Ramos no fundo da minha rua, onde eles gravavam bastante. Tem também um prédio vermelho na subida da Rua Lopes Quintas também serviu de cenário para alguma novela do Manoel Carlos”, lembra. 

Alguns cenários naturais da região: ruas do Horto, o prédio Irebel (JB) e o Arco do arboreto no JBRJ 

Em  “Expedição Rio”,  os jornalistas Daniela Dias e Alexandre Henderson estão visitando locações pelo Estado que foram usadas em novelas. Mas quem quiser pode fazer essa expedição aqui mesmo no Jardim Botânico.  O passeio começa logo no começo do JB, na praça dos Jacarandás. Muito antes de Manoel Carlos priorizar o Leblon em suas tramas, o autor usou um prédio como locação do apartamento da personagem de Regina Duarte em “História de Amor”, que estava sendo reprisada há pouco tempo. Ali perto, tem a Hípica que deve ser a campeã de locações.  Só este ano, emplacou duas novelas:  estava em “A volta por cima” e agora tem cenas de “Vale Tudo” gravadas ali também, onde será o “restaurante da Raquel”. 

O Parque Lage também já foi usado em muitas gravações. Lembro de uma cena especial de Cláudia Abreu novinha em “Pátria Minha”, circulando de patins pelo casarão da Escola de Artes Visuais, que na trama, era o colégio da Marininha, interpretada por Renée de Vielmond. Dois quarteirões depois, na Rua Oliveira Rocha, o prédio Irebel marcou presença em “Caminho das Índias”. 

Patricia Travassos em Brega & Chique, que foi filmada no Horto (Reproduções/ TV Globo)

Em “Brega & Chique”, por exemplo, a trama se passava em São Paulo, mas é só observar com cuidado para reconhecer ruas e vilas do Horto, especialmente a Praça Dag Hammarskjöld, no alto do JB, que servia de cenário para os encontros de Marcos Paulo e Patrícia Pillar na trama.

O Horto talvez seja a região com mais registros de cenas gravadas. Muito antes do badalado Eleninha ocupar a área, a esquina da Rua Abreu Fialho com Pacheco Leão abrigou o Bar da Graça, com suas paredes revestidas com papeis de presente coloridos, que apareceu em algumas cenas da novela Beleza Tropical, de Gilberto Braga. E não se sabe se, por nostalgia ou aproveitando as comemorações dos 60 anos, a Globo voltou a gravar na região. É ali na Rua Caminhoá que fica a casa de Solange e Sardinha em “Vale Tudo”.

O Bar da Graça (onde é o Eleninha) em “Paraíso Tropical” e Claudia Abreu na EAV, em “Pátria Minha”.

Como a gente pode perceber, as novelas da Globo a gente vê por aqui, pelo bairro. Esse é um rolé que pode ser bem divertido. Experimente. 

 

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