12 de novembro de 2020
A HISTÓRIA DA TV BRASILEIRA PASSA PELO JB

Este ano, a televisão brasileira está comemorando 70 anos. Tudo começou com o anúncio do ator Walter Forster “Está no ar a PRF-3-TV Tupi de São Paulo, a primeira estação de televisão da América Latina”. Depois da Tupi, vieram a TV Paulista (1952), a TV Record (1953), a TV Rio (1955) e a Excelsior (1959). Entretanto, para a região do Jardim Botânico, em especial, a história ganha relevância a partir de abril de 1965, com a inauguração da TV Globo, que promoveu uma verdadeira transformação na história da comunicação no país e, claro, no bairro.

Moradores antigos destacam que, antes da Globo, não havia muitos estabelecimentos comerciais, restaurantes, bancos nem mesmo prédios de muitos andares. “O primeiro endereço da emissora, na rua Von Martius, antes abrigava a gafieira O Musical”, lembrou o ator Davi Pinheiro, em recente entrevista ao JB em Folhas. Foi justamente por contar com área grande o suficiente para abrigar as necessidades e exigências de uma emissora de TV, com seus equipamentos e estúdios, que o Jardim Botânico foi escolhido pela novata: “O espaço era amplo e totalmente inovador, diferente da TV Tupi, que precisou se adaptar às instalações do antigo Cassino, na Urca”, contou ao JB em Folhas, em 2010, João Rodrigues, um dos primeiros funcionários da Globo.

Ao longo dos anos, a emissora foi criando núcleos de produção em vários pontos do bairro. Um dos mais famosos e emblemáticos foi a esquina das ruas Saturnino de Brito e Lineu de Paula Machado, onde ficava o ‘novo’ Teatro Fênix (o original localizava-se na atual Avenida Almirante Barroso, onde funcionou de 1910 a 1958). A Era de Ouro do Teatro Fênix no JB começou em 1972, quando a TV Globo resolveu alugá-lo após incêndio em um de seus estúdios, em outubro de 1971. Lá foram gravados – ou transmitidos ao vivo – inúmeros programas de auditório, de dramaturgia, de humor e musicais, como Xuxa, Faustão, Os Trapalhões, Chico Total, Viva o Gordo, Criança Esperança e especiais de grandes nomes da música brasileira, de Cazuza a Roberto Carlos. Sem falar de Chacrinha, que há dez anos virou estátua, criada pelo cartunista Ique e instalada na rua General Garzon. A partir de 1995, com a inauguração do Projac na Zona oeste da cidade, o teatro passou a ser menos utilizado pela emissora, até que, em 1999, o contrato de aluguel foi encerrado. Dois anos depois, o Fênix foi demolido, dando espaço a um condomínio.

Outro incêndio que entrou para a história de emissora ocorreu em 1976 e afetou especialmente suas atividades jornalísticas. Um curto-circuito no sistema de ar condicionado interrompeu a transmissão do Jornal Hoje e forçou a transferência temporária (por três meses) do Jornal Nacional para São Paulo.

No início deste século, a Globo construiu novos prédios e alugou outros tantos no bairro. Em 2011, inaugurou um estúdio envidraçado, no topo de sua sede, na rua Lopes Quintas. Com isso, os jornais locais da emissora passaram a ter como cenário a vista panorâmica da Lagoa Rodrigo de Freitas e do Jardim Botânico. Há três anos, o núcleo de jornalismo – incluindo o canal de notícias Globonews – foi concentrado em edifício na rua Von Martius, que levou em conta soluções sustentáveis em sua construção (foto acima). Por tudo isso, não dá para imaginar como seria o bairro hoje caso o quartel-general da Vênus Platinada não tivesse sido instalado aqui. Uma coisa é certa: sem a TV Globo, a história do JB teria sido bem diferente.

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