Nada como conversar com uma museóloga para conhecer melhor o bairro. E se, além disso, a entrevistada é uma contadora de histórias, com quatro livros para serem lançados em 2021, nascida e criada no Jardim Botânico? Aos 70 anos, Ana Cristina Pereira Vieira viveu praticamente a vida inteira no entorno da praça Pio XI, ficando afastada do bairro somente no início de seu casamento, de 1972 a 1980, quando foi morar no Leblon.
Até no âmbito profissional Ana Cristina esteve envolvida com o cotidiano do bairro, tendo sido funcionária do Ministério do Meio Ambiente, com passagens pelo Parque Nacional da Tijuca e pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ela trabalhou no JBRJ de 1989 a 1995 como Coordenadora de Extensão Cultural, sendo responsável pelo Museu Botânico, predecessor do Museu do Meio Ambiente; pelo Museu Sítio Arqueológico Casa dos Pilões; pelo Centro de Visitantes; e pelo Núcleo de Educação Ambiental. Por tudo isso, chegou a escrever uma carta aberta à atual presidente do JBRJ sobre sua indignação diante da ideia de transformar o MMA em hotel-boutique, conforme anunciado pelo ministro atual da pasta.
– O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um bem federal, tombado pelo IPHAN, e seus acervos arquitetônico, científico e artístico, incluindo o Museu do Meio Ambiente, não podem ser descaracterizados – ressalta a servidora pública federal aposentada.
Aposentadoria não significa inércia para ela, que segue na ativa como voluntária da AMA-JB, da qual, há cerca de cinco anos, integra a diretoria. A militância no bairro começou como síndica e subsíndica, sempre envolvida em campanhas de conscientização que vão da economia de água à necessidade cada um de recolher o cocô de seu cachorro. Sua maior contribuição, entretanto, ainda está para sair do papel. Ou melhor, para ser impressa em forma de livro. Ao longo de cinco anos, Ana Cristina fez um inventário cultural pelas ruas do bairro, reunindo dados sobre esculturas, marcos arquitetônicos e até mesmo grafites que enfeitaram muros da região de 2015 a 2020. Com cerca de 400 páginas e centenas de registros históricos e imagéticos, o livro está em fase de captação de recursos para sua publicação, que terá exemplares doados para a escolas públicas do bairro e renda direcionada para ações engajadas pela associação de moradores.
A museóloga está se revelando uma escritora profícua e promete, até o final de 2021, a publicação de outros três livros, sendo dois deles infantis: “A menina que queria conhecer o mundo” é um áudio book, escrito especialmente para crianças cegas, com descrições detalhadas e sonorização profissional, incluindo os ruídos e sons citados na narrativa. O livro, que contou com consultoria de especialistas em áudio-descrição, será vendido pela Amazon, com renda revertida para a compra de bens materiais para instituições voltadas para cegos. O segundo projeto infantil estava adormecido há mais de 30 anos. “Pedro, o menino imperador” é um livro paradidático sobre Pedro II, com foco na personalidade, gostos e hábitos do personagem histórico e foi escrito no período em que Ana Cristina trabalhou no Museu Imperial, em Petrópolis. O livro está em processo de ilustração e diagramação e será lançado em forma de e-book.
O quarto lançamento é um livro voltado para cuidadores e familiares de pessoas com Alzheimer, baseado em sua própria experiência com a mãe, ao longo de 27 anos de convívio com a doença: “um recorde nacional, muito raro um paciente viver mais de 15 anos com Alzheimer”, observa Ana Cristina, que cuidou de outros seis familiares e de uma amiga.
– Na época em que minha mãe estava doente não havia uma bibliografia sobre o assunto para leigos. Até hoje, é difícil encontrar publicações sobre as fases moderada, grave e terminal da doença. Meu objetivo é explicar os cuidados especiais de cada fase para quem não tem grana para internar o familiar numa clínica ou contratar um serviço de homecare – avalia a museóloga que precisou esperar 15 anos do falecimento de sua mãe para se envolver com o tema novamente.
De volta ao bairro, Ana Cristina é consumidora consciente e costuma valorizar o comércio local, sendo cliente assídua da Parceria Carioca e da First Class, ambas na galeria dos Correios. Ela gostava de comprar presentes na Griphus e lamenta também o fechamento do Ponto Frio. No segmento gastronômico, o Bar Joia tem lugar cativo: “Além das pizzas, sei o menu executivo deles de cor”, garante ela, apreciadora também do indiano Taj Mahal, do Santa Justa e dos bolos e salgadinhos da Vó Alzira.
– Sinto falta de um armarinho e de uma loja de tecidos aqui. Há farmácias demais. Apesar de ser cliente da Venâncio, não consigo entender o porquê de duas lojas tão próximas uma da outra – observa a moradora que costuma fazer encomendas com frequência na farmácia Cristal e no Mercado Afonso Celso, do qual é freguesa desde os tempos do Seu Agostinho, pai do Bruno (com ela na foto) e do Bráulio.
Além da pandemia, um problema no joelho não permite que Ana Cristina continue batendo perna pelo bairro como costumava a fazer. Antes, um de seus programas era ir ao Clube Militar, onde fez musculação, pilates e hidroterapia; atividades agora substituídas por sessões de fisioterapia em casa mesmo. Ela lembra que, na infância e adolescência, ela e o irmão passavam o dia no Piraquê e só voltavam para casa para almoçar e dormir.
– O melhor mesmo era poder brincar na rua, andar de patins, jogar queimado e vôlei na Oliveira Rocha. Mamãe fez uma rede sob medida para o espaço e nós só amarrávamos a parte de cima para os carros poderem passar. Naquele tempo, todos se conheciam por aqui – lembra com nostalgia.
Ana Cristina reconhece que muita coisa mudou e que isso não é uma exclusividade do Jardim Botânico. Para ela, há modernização demais e os prédios empresariais fazem a população flutuante do bairro aumentar, atraindo bandidagem para a região.
– Eu preferia ter como vizinho o posto de gasolina do que o edifício Touch, mas não há o que fazer sobre isso. Melhor concentrar as ações nas coisas que incomodam, mas que podemos mudar, como as bandalhas corriqueiras e a falta de podas preventivas das árvores do bairro – conclui.
*Por Betina Dowsley
Que satisfação rever Ana Cristina sempre atuante e cheia de energia. Muito sucesso , amiga! Aguardo com ansiedade os lançamentos . Beijos
Ana Cristina.
Uma querida amiga e Chefe a quem eu devo grande aprendizado.
Parabéns pelas publicações.
Conhecendo-a posso afirmar que as mesmas serão de interesse ímpar a toda a comunidade.
Sucesso Ana!
Ana que beleza a sua entrevista
Linda a sua biografia que desconhecia até agora
Parabéns pela sua jornada tão rica de realizações
Obrigada pela disposição de dividir seus conhecimentos e experiências com seus amigos e nos próximos livros
Parabéns Ana!!!
Vc dará uma grande contribuição à sociedade com suas novas publicações
👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼🌻🌻🌻
Excelente entrevista com uma pessoa que merece que seu histórico seja amplamente divulgado….. Te amo Aninha…!!
Grande pessoa com quem tive o prazer e a honra de trabalhar! Merece todo o sucesso do mundo. Parabéns!
Essa é a minha prima. Sempre inquieta e retada. Beijos
Parabéns chefa! Sucesso na empreitada.😘
Uma pessoa incrível de um coração lindo e admirável,humana amiga com inúmeras qualidades e que amo
Que bom Aninha!!!
Já de olho nas suas publicações 👏🏽👏🏽👏🏽 Temas distintos que retratam experiências de vida . Parabéns 👏🏽👏🏽👏🏽
Parabéns Aninha!
Sua vivência merece e precisa ser compartilhada, agrega valor na vida de outras pessoas!
Muito me enriquece os seus relatos.
Gratidão pela sua amizade e exemplos de solidariedade, empatia e carinho.
Aguardo ansiosa as publicações.
Sucesso!
Parabéns Ana
Obrigado por dividir com conosco a História do Jardim Botanico conosco
😘
Paulo
Parabéns Ana
Sucesso
Parabéns Aninha!
Tenho certeza que seus livros irão contribuir para muitas pessoas e, distrair muito as crianças.