Família e tradição são palavras-chave para Antônio Polide, dono da Lavanderia Santa Helena. Sua história confunde-se com a do estabelecimento, fundado em 1956, por seu tio. Ainda menino, Toninho, como ficou conhecido, trabalhou por dois anos, de 1963 a 1965, ajudando nas lavagens a seco e nas entregas. Voltou em 1974, quando seu pai estava à frente da lavanderia, e nunca mais largou. Aos 71 anos, continua ativo, apenas diminuiu um pouco o ritmo, passando apenas meio período na lavanderia, deixando seu filho, também Antônio, na administração do dia a dia do negócio.
Seu Antônio gosta muito do Jardim Botânico, mas nunca morou aqui. Na verdade, até tentou fixar sua residência em cima da lavanderia, mas o barulho, especialmente nos finais de semana, incomodou muito. O segundo andar da casa acabou tornando-se escritório e passadoria, há cerca de dez anos. Na mesma época, a lavanderia investiu em novas máquinas, importadas, para acompanhar a variedade de tecidos e cores que recebem atualmente, cada um exigindo cuidados específicos: “Antigamente, era quase tudo feito de linho ou casemira inglesa. Agora, oferecemos serviços diferenciados, de costura a higienização de malas, chapéus, bichos de pelúcia e até produtos usados por animais de estimação”, observa. A expansão e modernização comercial foi possível porque o próprio bairro cresceu, aumentando a demanda.
– Quando eu comecei a trabalhar aqui, a rua Frei Leandro só tinha um edifício e a Custódio Serrão, dois. A Eurico Cruz também só tinha casas e até na avenida Borges de Medeiros não havia prédios. Se pensar que onde morava uma família passaram a viver mais 20 ou 30, o trabalho aumentou – garante ele, que conseguiu manter seus oito funcionários ao longo da pandemia, quando a Santa Helena passou a lavar mais edredons e menos ternos e vestidos de festa.
Além disso, o tintureiro credita a longevidade e o crescimento da empresa familiar à eficiência do trabalho e ao carinho com os clientes: “Nossos clientes não são de passagem. Já estamos atendendo a terceira geração. A confiança é muito importante neste mercado e tem gente que vem de outros bairros como Laranjeiras, Copacabana e São Conrado”, completa. Não fosse assim, a Santa Helena não seria responsável pela lavagem dos jalecos dos chefs Claude Troisgros e Batista, que seguem seus clientes até hoje – inclusive para itens pessoais – mesmo após a mudança de endereço do restaurante.
Além da qualidade do serviço, a simpatia de Seu Antônio cativou amizades na vizinhança ao longo do tempo. Bons exemplos são comerciantes como o Clóvis, da JB Bazar e Construção, e o Paulinho, da Panificação Lagoa, amigos de longa data.
– Tenho saudades das conversas com os antigos feirantes, quase todos pararam de vir aqui. Não que os atuais sejam ruins, mas gostava muito dos outros. A feira era diferente, o fluxo de pessoas era bem menor – enfatiza Toninho, para quem não falta nada no JB. – O bairro é muito bom, temos mercado, confeitaria, farmácia, material de construção, restaurantes… Temos tudo!
Lavanderia Santa Helena
Rua Frei Leandro 8
Tel: 2535-3137 / 98290-7215 (WhatsApp)
Texto e fotos: Betina Dowsley
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