Há 10 anos, falar em reaproveitamento de lixo orgânico poderia soar como coisa de maluco. Apesar de todos já estarem acostumados a reciclar latas de alumínio e garrafas pet, ninguém imaginava guardar cascas e restos de alimentos e, muito menos, pagar para fazer isso. Ainda hoje, das cerca de 37 milhões de toneladas de lixo orgânico produzido no Brasil, apenas 1% é reaproveitado, de acordo com a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae).
Esse foi o cenário que o engenheiro ambiental Lucas Chiabbi encontrou quando decidiu criar o Ciclo Orgânico. Para ele era inadmissível ver todas essas toneladas de resíduos desperdiçadas e, muitas vezes, descartadas incorretamente, quando poderiam virar adubo, combustível ou energia. Lucas foi um dos primeiros no Rio de Janeiro a perceber uma oportunidade de negócio sustentável e lucrativo a partir do lixo orgânico:
– Metade do lixo que é produzido no mundo é orgânico. Apesar disso, esse tipo de resíduo é menos valorizado e reaproveitado. Percebi que havia uma oportunidade ali. Hoje, vejo que a compostagem faz cada vez mais sentido – analisa.
O Ciclo Orgânico começou no Parque do Martelo, no Humaitá, em 2015, como parte de um projeto de empreendedorismo para jovens e, atualmente, soma mais de 4 mil clientes no Rio de Janeiro. Funciona da seguinte forma: o cliente escolhe o plano, faz uma assinatura no site, recebe o baldinho para separar seu lixo orgânico e, após o período escolhido, tem o balde recolhido pelo Ciclo. A coleta é feita sempre de bicicleta, a fim de reduzir o impacto no meio ambiente. Por fim, o resíduo é compostado para gerar adubo.
Desde seu início, a empresa já coletou e reaproveitou mais de 2 mil toneladas de resíduos orgânicos. Além da certeza de que ajudaram o meio ambiente, os clientes do Ciclo ainda ganham um pequeno mimo ao final de cada mês. É possível optar entre receber um quilo do adubo produzido, doar sua cota de adubo para uma horta comunitária, ou ainda ganhar uma mudinha de planta. Seja qual for a escolha, o cliente recebe uma mensagem contando o quanto foi compostado, a quantidade de adubo que foi produzida e quantas emissões de gases de efeito estufa foram evitadas no mês.
Em 2022, o Ciclo Orgânico completa seis anos e, para Lucas, a receptividade da população em relação à compostagem mudou muito. Ele conta que, quando a empresa começou, a maioria das pessoas não sabia o que era esse processo de reciclagem de resíduo orgânico e perguntava o porquê de pagar para alguém recolher o lixo:
– Hoje, essa pergunta é menos frequente, pois tem mais gente por dentro do assunto. Mas, se for preciso, explico que o adubo demanda muito tempo e energia, além de possuir pouco valor de mercado, principalmente se comparado aos outros resíduos, como as latinhas de alumínio – avisa o idealizador do sistema, que já vem sendo replicado por outras empresas.
Com o crescimento do serviço, a logística para a coleta dos baldinhos é uma das maiores dificuldades do sistema. “Com o número de residências que a gente atende atualmente, o desafio é diário”, reconhece Lucas. Sobre os primeiros passos para reduzir nossas pegadas no meio ambiente, ele avalia que o mais importante é as pessoas estarem sempre revendo seus hábitos de consumo, por ser isso o que gera mais impacto no mundo.
Ciclo Orgânico
Contato: 3435-3475 / 98521-0747 / contato@cicloroganico.com.br
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