25 de dezembro de 2020
A FORÇA DA JUVENTUDE

Quando a crise aperta e a paixão fala mais alto, os jovens vão à luta por seu lugar ao sol. Empreendedorismo é a palavra da vez na turma de 20 e poucos anos, a Geração Z. A galera da região está apostando suas fichas principalmente em seus talentos artísticos, culturais e gastronômicos.

O foco de José Bidart sempre foi a música. Aos 25 anos, ele dedica-se à carreira de cantor, compositor e produtor musical.  Formado pelo Musicians Institute de Los Angeles em 2015, zébidart, como é conhecido no meio, estuda arranjo em MPB, na UNIRIO, já gravou quatro singles e prepara-se para lançar seu primeiro EP, pela Medellin Records, até o final de novembro.  Entre uma composição e outra, o artista toca a vida como produtor de jingles publicitários e trilhas sonoras para TV. Entre os trabalhos realizados estão clientes como o aplicativo Waze e os canais OFF e Curta. De 14 de novembro a 12 de dezembro, seu trabalho ganhará mais visibilidade graças à trilha sonora da exposição “Céus de Monet”, do grafiteiro Toz, na Fábrica Behring (com visitação reduzida e respeitando as normas de segurança).

zébidart em seu ambiente de trabalho

– Estou aberto a vários trabalhos. Só não faço trabalho para o governo. O resto é bem-vindo. – brinca o jovem, que tem planos para, em 2021, sair da casa dos pais, no Jardim Botânico, e morar sozinho. 

O surfista e estudante de design da PUC-Rio Leonardo Gonçalves Vieira, de 24 anos, adora donuts e ficou viciado na gulodice após uma temporada na Califórnia. Quando a pandemia se instalou, ele viu a oportunidade de ganhar dinheiro fazendo uma coisa de que gosta muito e criou a marca Wipeout Donuts. A receita veio com a namorada americana, mas a produção é na cozinha da casa da mãe mesmo, no Humaitá. Os sabores mais pedidos são Eject (Galak com Kinder Ovo), Caverna (Nutella com leite Ninho) e o Big Rider (S’more: marshmallow com pedaços de barra Hershey’s), que custam R$ 6,00 cada.

– O negócio está dando certo. Meu recorde de encomendas foram 74 donuts num só dia! Agora estou procurando uma cozinha para poder crescer mais, explorando o delivery. Estou testando receber pedido e entregar no mesmo dia, somente às quintas e sextas, para ver se dá certo – afirma Leo, que planeja, em breve, abrir uma empresa.

Outra que tem conseguido se manter com sua produção é a artista visual Flora Schneider. No 1º ano do Ensino Médio, ela tinha dúvidas se daria para viver de arte e pensou em cursar Psicologia; entretanto, ao fazer um estágio obrigatório no currículo do colégio Pedro II, desistiu.

– Foi nessa época que passei a me dedicar mais à arte. A partir de 2014, comecei a fazer desenhos para tatuagens e a pintar e vender telas. Dois anos depois, passei a tatuar também, já que o retorno é mais rápido – avalia a jovem de 24 anos, que, antes da pandemia, estava trabalhando num estúdio em Copacabana.

Atualmente, Flora mora no Humaitá com o namorado e a filha Sol, de quase um ano, e sua produção tem ajudado a pagar as contas. Ela está sempre experimentando coisas novas. Estudante de Artes da UFF, a pandemia está permitindo uma dedicação maior à pintura. Para se manter e difundir sua arte a todo tipo de público, ela faz customização de bolsas de grife, vende pequenos adesivos (5 cm x 5 cm) e desenhos digitais, impressos em formato A4, com preços a partir de R$ 3,00 e R$ 35,00, respectivamente.

Julia Pellegatti Frejat, de 21 anos, também investe nas artes visuais. Moradora da Fonte da Saudade, desde cedo ela soube o que queria. Em 2018, foi estudar arte contemporânea na Escola Metáfora, em Barcelona (Espanha) e, aqui, fez vários cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Além de seu perfil no Instagram, Julia já exibiu seus trabalhos em várias edições da Babilônia Feira Hype, onde vendeu prints de suas obras. Em junho, ela teve o alcance de seu trabalho amplificado com a criação da capa e de toda a identidade visual do quarto álbum solo do pai, Roberto Frejat, “Ao redor do precipício”.

Os prints que Joana Amora – também de 21 anos e estudante de Belas Artes, na UFRJ – faz e vende são mais naturalistas, fruto de suas andanças pelo Jardim Botânico. Como ficou sozinha no bairro durante a pandemia, ela saiu explorando e descobrindo vários cantos que ela não conhecia, tudo a pé, pertinho de casa. As descobertas geraram, além dos prints, vários posts com detalhamento das plantas que encontrou.

Trabalhos manuais são o forte de Isabela Macedo, de 22 anos. Há três anos, ela começou a aprender a bordar em aulas on-line no YouTube e juntou-se ao coletivo Clube do Bordado. Contudo, seu maior interesse são as bijuterias de cerâmica, que começou a fazer para as amigasDepois de um tempo parada, Isabela pensa em criar uma nova coleção, com o apoio logístico de sua professora, a ceramista Alice Felzenszwalb – que tem um forno em seu ateliê no JB – para assar as peças.

– No futuro, gostaria de poder manter a cerâmica em paralelo com a psicologia – afirma.

Os interesses de Vinícius Paranhos dos Santos são bem diferentes. Há dois anos, ele criou a marca “astropuntura”, para juntar as duas coisas de que mais gosta: astrologia e acupuntura.  A primeira entrou em sua vida aos 15 anos, apresentada por uma amiga de sua mãe e aprofundada em vários pequenos cursos; enquanto a técnica chinesa milenar foi tema de estudos dos 19 aos 23 anos, quando saiu técnico em shiatsu terapia, acupuntura e outras práticas.

– Desde que comecei a fazer mapa astral, me surpreendi com um público 90% feminino e jovem. Já as sessões de acupuntura e ventosas são procuradas por pessoas mais velhas, com dores musculares, em sua maioria, homens – observa.

As diferenças podem ser percebidas também quanto ao atendimento. Os serviços de astrologia ganharam maior alcance com o Zoom, com público de outras cidades e estados, e a praticidade da gravação da interpretação dos mapas. No caso das sessões de acupuntura, em que o atendimento é presencial, a pandemia tem limitado um pouco mais: “Estou com três clientes semanais com atendimento em domicílio. Levo minha maca, higienizada antes e depois de cada sessão, e agulhas descartáveis”, explica Vinícius.

Jingles e trihas sonoras: zébidart
Donuts: Wipeout Donuts
Arte: Flora Schneider
Arte: Julia Pellegatti Frejat
Arte: Joana Amora
Bijouterias: Isabela Macedo
Astrologia e acupuntura: Vinícius Paranhos
Arte: Em Processo de Criação
Fantasias e acessórios: Elisa Crispum
Sobremesas gourmet: Kim Rawicz Kimtinhas
Biscoitos: Apê Confeitaria

3 Comentários

  1. MARIA CECILIA SCHNEIDER ALCURE

    Parabéns a esses jovens cheios de garra! Sucesso!

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  2. Cecilia Alcure

    Flora Schneider é minha neta,mãe da minha bisneta Sol! Tenho muito orgulho !

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    • JB em Folhas

      Parabéns! Ela é mesmo muito talentosa!

      Responder

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