Muita gente apregoa por aí valorizar e apoiar a moda solidária e sustentável, mas poucas são as pessoas e instituições que a praticam realmente. Nesses tempos de esgotamento de recursos naturais, consumo consciente e crise financeira, com desempregados aos milhões, os bazares ganham força, especialmente aqueles sem fins lucrativos. Da Gávea ao Humaitá, não faltam opções, dos mais simples, como os promovidos pela Igreja Metodista e Aliança do Divino Pastor, àqueles com roupas de grife novas ou com pouquíssimo uso, encontradas no Bazar da Santa.

A jornalista e moradora do JB Ângela Tostes se autodefine como “rata” de bazares. Ela conhece vários na região, mas seu preferido é o Bazar da Santa, na Gávea. “Tem muita coisa boa por precinho ‘baratex’. Frequento há anos”, afirma ela, feliz de poder contribuir com o Espaço Santa Terezinha, que atende cerca de 300 crianças. O bazar abre toda quinta-feira e, desde março, está na plataforma Closet Bobags, na qual é possível alugar itens por um período determinado a um preço menor do que o de compra. O Bazar da Santa tem como madrinha – e modelo – a atriz e apresentadora de TV Cissa Guimarães, que divulga e doa peças para venda.

O Brechó Solidário, do Patronato Operário da Gávea, também é beneficente, com 100% de sua renda revertida para a creche que a instituição mantém. Inaugurado em outubro de 2019, ele funcionou por menos de seis meses e fechou no início da pandemia. No meio do ano passado, a orientação da diretoria foi para se desfazer das peças, uma vez que não havia previsão de volta da atividade a curto prazo e a fim de evitar que as peças se deteriorassem. Na época, algumas clientes assíduas, como a figurinista Fúlvia Costalonga, foram convidadas para a queima de estoque. Há três anos, Fúlvia abriu o 22 Graus Brechó, em Petrópolis, e costuma descer a serra para garimpar peças tanto para seus projetos no cinema como para seu negócio.

Somente agora a instituição voltou a receber doações para a reabertura do espaço, prevista para o dia 2 de setembro. Quem tiver peças masculinas, femininas ou infantis em boas condições pode passar para deixar sua doação no local.

A obra social Casa de Betânia também tem seu próprio bazar, cuja renda ajuda na manutenção do abrigo de idosos que funciona dentro da Paróquia de Divina Providência. O modelo de funcionamento é semelhante aos demais, sendo possível ajudar o Bazar de Betânia comprando roupas, acessórios ou objetos de casa ou doando os mesmos para revenda.

Até um templo do consumo entrou na moda solidária. O Shopping da Gávea cedeu um espaço no segundo piso para a loja Obra Solidária, da Obra do Berço. Entretanto, na sede da instituição, na Fonte da Saudade, voltou a ser realizado, sempre no final do mês, um bazar com menos glamour, onde são vendidos roupas e acessórios de adulto e crianças, objetos de decoração e de escritório, além de livros e brinquedos.

No Horto, antes da pandemia, havia dois bazares, um no Clube Condomínio e outro no centro espírita Seara São João Batista, na rua Pacheco Leão. Atualmente, só o primeiro está aberto. Samantha Rodrigues criou o Bazar do Horto há três anos como forma de preencher o tempo em que ela ficava no local, cuidando da administração do clube. O espaço ficou fechado por mais de um ano devido à pandemia, tendo sido reaberto em junho de 2021, após Samantha ter tomado suas duas doses de vacina contra Covid-19. Com preços em conta, o bazar é bastante procurado pela comunidade local.

– Minha intenção é ajudar as pessoas e não ganhar dinheiro – garante ela, lembrando que os preços do bazar vão de R$ 1,00 a R$ 20,00, incluindo uniformes de futebol e paletós.

Outros endereços que recebem doações e vendem itens de segunda mão, voltados para um público mais simples e carente são a Igreja Metodista e a Aliança do Divino Pastor (Bazar da Pechincha), ambos na rua Jardim Botânico. Nesses lugares, os itens mais procurados são utilidades domésticas, como panelas, jarras, garrafas térmicas e roupa de cama, especialmente cobertores e edredons.

*Por Betina Dowsley