A história das garrafas PET passa por diferentes estágios: de solução para envasamento de bebidas nos anos 1970 a vilã do meio ambiente, por permanecer por até 400 anos na natureza. Quando o produto chegou ao Brasil, em 1988, já havia coleta de garrafas para reciclagem nos EUA e no Canadá; contudo, o processo não acompanhou a larga utilização e o aumento da produção do material em todo o mundo.
Atualmente, todos reconhecem a necessidade de reciclar garrafas PET, que costumam ser transformadas por empresas e artesãos em tecidos, vassouras, almofadas, pufes, vasos de planta, entre outras coisas. Apesar disso, grande parte desse material ainda não é reciclado e acaba descartado erradamente, seja por não haver coleta seletiva em todas as cidades brasileiras, seja por ser um produto leve, cuja remuneração é baseada no quilo.
A produtora cultural e artesã Andrea Albuquerque Aguiar despertou para questões de sustentabilidade e upcycle a partir de 2011, quando trabalhou no galpão que a Coca-Cola ergueu em Jardim Gramacho, aterro sanitário que havia sido desativado em Caxias. Foi lá que ela se apaixonou pelo PET e suas inúmeras possibilidades. Aos poucos foi descobrindo maneiras de cortar, tingir e dar textura ao material. Começou fazendo bijuterias, revestiu uma garrafa de Coca-Cola de 6 metros de altura para a área VIP da empresa no Rock in Rio 2013, participou da Fenearte (maior feira de artesanato da América Latina), além de ter criado lantejoulas para decorar uma capa em homenagem ao Maracatu de Pernambuco, sua terra natal.
– Sempre levei a arte em paralelo ao trabalho na produção de shows de grupos como O Rappa e Kid Abelha. Um dos momentos de maior dedicação foi há cerca de quatro ou cinco anos, quando voltei para Recife devido a questões familiares – lembra ela, que já teve um de seus colares usados por Adriana Calcanhotto.
Andrea retornou ao Rio pouco antes da pandemia se instalar, visando retomar a produção no segmento musical. Com a quarentena, seu foco foi redirecionado para a sustentabilidade e a vontade de ajudar os catadores. A solução encontrada pela artesã foi fazer peças maiores, possibilitando a reciclagem de um número grande de garrafas por vez, que ela compra direto dos catadores, pagando pelo recipiente e não pelo quilo. O resultado são luminárias e utilitários, inspirados nas tramas da cestaria do nordeste.
O trabalho de Andrea é inteiramente artesanal, tudo cortado e lixado à mão, sem emendas ou cola: “O bacana é que as peças mais refinadas parecem frágeis, mas, na verdade, são muito resistentes, além de terem um preço bem em conta”, garante ela, que usa o Instagram como vitrine e contato para venda. A média de preço fica em torno de R$ 70 a R$ 80 (bijuterias). As peças mais caras são as luminárias, que variam de R$ 300 a R$ 400, dependendo do tamanho desejado.
Contato: @andrea.recicla
*Por Betina Dowsley
0 comentários