25 de julho de 2024
A MISSÃO DE CISSA GUIMARÃES

Texto: Chris Martins  | Fotos: Divulgação

Ela foi registrada como Beatriz Gentil Pinheiro Guimarães, ganhou, ainda pequena, o apelido de Cissa, mas sempre carregou a gentileza e o significado do nome – aquela que traz felicidade -, pela sua vida.  Missão que a acompanha por 67 anos de idade.  Um trajetória cheia de sucessos e realizações, mas também com alguns baques e tropeços, que fizeram ela seguir e sustentar a frase que Miguel Falabella sempre usava quando a apresentava no programa Videoshow, da Globo: “Aquela que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia.”

Entre as perdas de Cissa Guimarães está a maior, a ausência do filho Rafael, que morreu, vítima de atropelamento, aos 18 anos, em 2010, ali no túnel acústico, na Gávea, que hoje leva o nome do jovem. Uma dor que não passa nunca, mas que Cissa aprendeu a cuidar. Ela montou um altar para o filho e tem como hábito conversar com ele todo dia. Além dele, é mãe de João Velho e Tomás Velho, do seu relacionamento com Paulo César Pereio. E também avó de Aurora e José. 

Completando 50 anos de carreira, a  atriz está vivendo um momento profissional especial e não quer saber de aposentadoria. Desde o começo do ano ela está à frente do programa de entrevistas Sem Censura, pela TV Brasil, que voltou reformulado e com um formato mais jovem, que aposta especialmente no carisma da apresentadora.  Para ela, é uma oportunidade de encontrar amigos e conhecer trabalhos interessantes. “Cada entrevista é diferente da outra”, afirma. 

Em cartaz com Giuseppe Oristanio em Doidas e Santas 

Cissa também está de volta aos palcos, com o espetáculo “Doidas e Santas“, que foi montado em 2010. Ao todo a peça já foi vista por mais de 500 mil pessoas desde a sua estreia e encenada mais de mil vezes no Brasil e no exterior. A temporada carioca encerra no próximo dia 4 de agosto, mas ela segue depois para Niterói e o Sul do Brasil. Idealizadora da peça, que é baseada em um livro de Martha Medeiros, a atriz pediu à Regina Antonini, autora do texto, que o nome da protagonista fosse Beatriz em sua homenagem.

— Eu acho Beatriz um nome lindo, mas desde pequena que eu tenho Cissa como apelido. Então eu pensei que, pelo menos na ficção, eu poderia ser chamada pelo meu nome. Mas as semelhanças entre mim e o personagem acabam por aí. – brinca a apresentadora. ,  

A história de Cissa poderia ter sido diferente se ela tivesse seguido a faculdade de Química, porque gostava de ciência e era uma forma de homenagear o pai, Ugo, que era médico e oncologista. “Eu conheci o Pereio e comecei a trabalhar na produção de um espetáculo, mas acabei substituindo uma das atrizes e, aí….o mundo perdeu uma química e ganhou uma atriz”, recorda. 

Moradora da Gávea há 40 anos no mesmo local, Cissa é gaveana de carteirinha não imagina em outro local. Ela gosta do jeito do bairro ser, em que todo mundo se conhece e costuma fazer tudo a pé. “A Gávea tem um jeito de bairro antigo. Daqui só vou sair quando fizer minha passagem para outra dimensão”. Do túnel do tempo (coluna que ela apresentava no Vídeo Show), ela tem saudade do tempo que podia circular pela cidade com mais tranquilidade, com menos violência. 

– O Rio está muito violento, muito “miliciano”. E isso reverbera em todos os bairros e também na cultura, porque as pessoas ficam com medo de circular à noite. Por isso estou muito feliz em ver que o teatro voltou com força total e o shopping anda movimentado, com boas peças em cartaz. 

A sua rotina inclui uma passada, pela manhã, no Shopping da Gávea – para fazer ginástica na Bodytech, ou dar uma passada no salão de beleza –  e no Talho Capixaba, seu cantinho favorito, onde bate ponto quando está no bairro, seja para encontrar amigos ou fazer reuniões.  Outro local que a atriz curte é o Guimas, no Baixo Gávea, e  o Convento das Clarissas, além de uma boa caminhada pelo Jardim Botânico, que começa do lado da sua casa. 

Os teatros da região ela conhece bem, pois se apresentou em todos, mas tem um carinho especial pelo Teatro Vannucci, por conta da administradora Ingrid. “Ela é uma mulher batalhadora, que está a frente do espaço há anos. Amo!”, afirma.  E o retorno de “Doidas e Santas” para o Prio, perto da sua casa, no bairro que gosta, também foi um presente. 

É uma alegria estar de volta! O público vai se emocionar com as alegrias, as desilusões e os anseios da Beatriz. Através dela, o público se emociona, vira cúmplice e até confidente das suas inquietações e amores. Tenho um imenso amor por essa peça e personagem. – completa Cissa.

 

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