25 de agosto de 2022
DAS PÁGINAS DE UM JB PARA OUTRO

A icônica foto de Dorival Caymmi, virou estátua (Evandro Teixeira/Acervo IMS)

Logo que me aposentei, saía e viajava muito, fazendo palestras, participando de workshops e mostras. Vou para Canudos (BA) no final do mês para participar da terceira edição da Feira Literária de Canudos, mas agora ficou tudo mais difícil, preciso ter sempre uma pessoa me acompanhando. Comprei até um bastão para dar mais firmeza para caminhar – afirma ele, que pegou Covid duas vezes e ficou sem força nas pernas e com secura na garganta, mesmo após as quatro doses da vacina.

Canudos é um destino corriqueiro para ele, que passou a frequentar a cidade pelo menos uma vez por ano desde 1994. Sua ligação com o lugar é forte e representa o reencontro com a história de sua família, tanto que o fotógrafo baiano transformou as imagens das primeiras viagens à cidade de sua avó no livro “Canudos –100 anos”, lançado em 1997. Ao todo, Evandro tem mais de 150 mil fotos de Canudos. Outros livros publicados pelo fotógrafo são “Fotojornalismo” (1983) e “A Passeata dos 100 mil” (2008). Em 2014, foi biografado por Silvana Costa Moreira, no livro “Evandro Teixeira – Um certo olhar”, que reúne muitas e ótimas histórias que viveu atrás das câmeras.

Evandro mudou-se para a Gávea em 1988: “Vendi meu apartamento no Jardim de Alah e comprei esse em frente ao Planetário ainda em construção. A oferta era boa e o local também agradava”, recorda-se. Não demorou a descobrir, próximo ao novo endereço, os prazeres da boa mesa, tornando-se fã da picanha, com farofa de ovo, arroz de brócolis e batata portuguesa do Braseiro da Gávea, que faz questão de apresentar a amigos e colegas de fora do Rio: “O prato dá para quatro pessoas”, avisa.

Seu programa favorito antes da pandemia, porém, era ir à padaria na esquina da Marquês de São Vicente com a rua Professor Manoel Ferreira. Ele costumava ficar de três a quatro horas jogando conversa fora e cantando com vizinhos como Moraes Moreira.

– Agora não temos mais Moraes nem a padaria, que virou farmácia! Em 500 metros, temos nove desses estabelecimentos – espanta-se.

Apesar disso, Evandro destaca entre as coisas boas do bairro o fato de ter tudo perto de casa: supermercado, hortifrúti, shopping e até feira de antiguidade, que costumava frequentar aos domingos na praça Santos Dumont: “Gosto muito daqui, é tranquilo e tem lugares como o Planetário, o Jockey Club e o Instituto Moreira Salles”, destaca.

O IMS passou a ocupar um lugar de maior destaque em sua vida a partir de 2019, quando confiou a guarda de seus arquivos – cerca de 50 caixas que ocupavam quase todo seu escritório – à instituição: “Foi ótimo, mantive algumas fotos penduradas na parede e ganhei espaço. Fico tranquilo de saber que estão no lugar certo, aqui estavam se estragando”, atesta Evandro, que antes de sair do JB negociou os direitos sobre o que produziu no jornal até 2002. Nos últimos tempos, ele tem ido toda semana ao Moreira Salles para tratar de uma exposição sua, com curadoria de Sergio Burgi (coordenador de fotografia do IMS) programada para março de 2023, na unidade de São Paulo do Instituto, quando a casa daqui estará fechada para obras de restauro e ampliação.

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