É engraçado como algumas ações que são naturais para você, marcam outras pessoas. Pedalar para mim é uma coisa normal, como escovar os dentes pela manhã. E, por conta do JB em Folhas, incorporei o passeio de bicicleta à minha rotina, especialmente para fazer uma ronda pelo bairro atrás de notícias. Mas só há pouco tempo, soube que muita gente percebe o meu ir e vir. E a descoberta aconteceu por acaso, no final do ano passado, quando ouvi o comentário “Quando vejo você na rua com sua bicicleta, sei que vem novidade por aí” de duas conhecidas distintas, que nem se conhecem. Mais recentemente, uma companheira de coworking brincou: “Chris, você é o “onde está Wally do JB”, a gente sempre encontra você pedalando em algum lugar”.
O que era suspeita se confirmou quando encontrei com o amigo Guto Miranda, designer de primeira, para falarmos sobre a criação de uma nova logomarca para os 20 anos do JB em Folhas. Ele foi logo dizendo: “Chris, você andando de bike é a cara do jornal. Que tal criarmos uma ilustração sua? Já tenho até alguém certo para fazer este desenho”, afirmou. Tempos depois, ele me mostrou o desenho fofo que o ilustrador André Mello tinha feito. Apesar de não me conhecer, ele me traduziu bem com este traço colorido e divertido. Com, ou sem, óculos e chapéu, sou euzinha, pedalando, cantando e seguindo a informação.
Com um desenho bacana desses na mão, ou melhor, no site, eu logo pensei em criar uma coluna, para falar destas minhas andanças na região. O primeiro nome que surgiu foi óbvio, “Pedalando com a Chris, mas era grande e podia ter outro entendimento. Demorou um pouco até chegarmos ao “Rolé da Chris”. E para abrir a coluna, o tema só podia ser um: bicicleta e as pedaladas que o mundo dá. Mas aproveitei para pegar alguns textos que complementavam as matérias, em forma de box, mas como crônicas.
Vai ter gente lendo isso aqui e pensando, “é, mas ela anda sem capacete e na calçada.” Sim, realmente a falta de proteção é uma falha grave, pura distração na hora de sair de casa e falta de hábito. Só lembro dele quando já estou na rua e vejo alguém passando devidamente equipado. Já a calçada, sinto muito, mas vou continuar alternando calçada e rua até que o Estado me dê segurança para pedalar nas vias. E já disse isso até para o antigo Subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos, uma vez que cheguei para a entrevista, pela calçada e ele quis fazer graça. Eu pedalo usando o bom senso, andando com cuidado, pensando no próximo (uma regra básica que vale para qualquer situação, é bom dizer) e evitando calçadas lotadas. Mas ainda falta muito para virarmos Amsterdã.
Segundo a Aliança Bike (Associação Brasileiras do Setor de Bicicletas), a malha de ciclovias e ciclofaixas nas capitais cresceu 4%, passando de 4.196 km em 2022 para 4.365 km em 2023 – um acréscimo de 169 km no período de um ano.Na média, cada uma das capitais brasileiras possui 161,7 km de ciclovias e ciclofaixas em 2023. No ranking, o Rio de Janeiro está em terceiro lugar, com 487 km, atrás de Brasília (DF), com 636,89km, e São Paulo, com 689,1km. Mas confesso que acho a nossa ciclovia, no Rio de Janeiro, fraca. Em primeiro lugar, é ciclovia só no nome, já que a prioridade é para o pedestre e quem mais vier. Falta cuidado, sinalização e o pior, respeito. Faltam regras em geral, tanto para quem pedala, quanto para quem anda. A mobilidade urbana está na pauta do dia, mas fora da prática e, com o aumento de pessoas usando a bicicleta como meio de transporte, alguns bairros – especialmente na zona sul carioca – vivem o caos, com diferentes modelos e tamanhos circulando com zero prática de convivência.
É importante que a Prefeitura também se organize e prepare campanhas de conscientização para multar motoristas – que jogam seus veículos em cima das singelas magrelas -, ciclistas arrogantes que também fazem suas bandalhas e o pedestre – que precisa entender que compartilhar é dividir e respeitar o espaço do próximo.
Minha primeira bike era uma tigrão vermelha, poderosa. Com ela, costumava levar meu irmão, na garupa, para a escola. Depois vieram outras bikes até a definitiva, uma caloi 10 que comprei com meu primeiro salário, aos 18 anos. Esta durou 35 anos até ser furtada na frente do prédio em que morei, na rua Pacheco Leão. Muitos me aconselharam a ir procurá-la, mas achei que era hora de me desapegar e fui chorar minhas pitangas com o Luiz Duarte, na Speed Bike, meu consultor ciclístico, que me arrumou outra. E assim seguimos, deixando o pedal me levar e observando as mudanças do bairro.
Agora, com esta coluna, pretendo passar por aqui, de vez em quando, para pontuar algumas coisas que vejo e observo enquanto estou pedalando, ou melhor, dando rolé pelo bairro. Fique à vontade para participar e sugerir. O rolé é nosso.
Aguardarei ansiosa sua coluna, ótima ideia !
Rio/JB é rua.
Abs e sucesso
Muito legal, Chris. Vou acompanhando daqui as suas pedaladas.