25 de julho de 2023
JOANA BRINDA O JOJÔ

25 de julho é dia de festa no Jojô Bistrô, restaurante da Joana Carvalho que está completando 12 anos de (boas) atividades no Horto. As comemorações eram para ter sido em 2021, quando completaram uma década, mas a pandemia impediu e agora, para a chef, é hora de comemorar em dobro.  “Não havia clima na época, mas agora tem. Vamos festejar a resistência e, especialmente ao amor, porque sem ele, a gente não faz nada”,  afirma Joana que agradece aos amigos e principalmente à sua equipe. –  Eu não tive filhos, por isso, minha equipe é minha família. Estou com eles a maior parte do tempo, são tudo para mim”, diz emocionada para, em seguida, completar: “Sem falar dos amigos, que sempre estiveram presentes, prestigiando todos os momentos. Joana sempre teve uma ligação forte com a comida. Quando criança, gostava de ajudar a avó Marielza na cozinha e lembra da primeira vez que viu a matriarca fazendo fios de ovos, sua sobremesa favorita na época. “Aquilo para mim foi mágico, aquelas misturas se transformando. Eu tinha na época uma visão romântica dos fios sendo colhidos no ninho da galinha ou então sendo feitos por uma máquina”, recorda ela, achando graça da sua ingenuidade.  instinto gastronômico não foi levado muito a sério e ela seguiu aprendendo a cozinhar por conta própria ao mesmo tempo em que buscava outros caminhos profissionais. Estudante de comunicação, Joana cuidava do marketing e da assessoria de imprensa para o 00 Cozinha Contemporânea, os sócios notaram que a jovem levava jeito e lhe deram oportunidade. “Eles me convidaram para criar o buffet do almoço e me colocaram como chef. Depois eu ainda dei uma inovada no cardápio. Foi o máximo, pois o restaurante foi marcante para a minha geração. Ali vi que o meu caminho era a gastronomia”, revela a chef que decidiu usar seus dotes culinários profissionalmente.    O Jojô surgiu por uma série de coincidências.  Joana estava fazendo um evento no antigo POP, no Jardim Botânico, quando as amigas Ana Elisa Ribeiro e Killiana chegaram falando de um lugar no Horto e insistindo que ela tinha que conhecer.  A chef não deu muita conversa, pois não passava pela sua cabeça ter um restaurante, ela só queria cozinhar. Só que, no mesmo evento, estavam a dona do imóvel e a sua mãe Thaís, que ouviram tudo e a incentivaram a conhecer a loja. Ela foi visitar o lugar onde antes tinha funcionado o Lavoura Café – na esquina das ruas Caminhoá com Pacheco Leão – e, mesmo relutante por achar o espaço pequeno, acabou ficando com tudo, inclusive com a razão social que mantém até hoje.  “Achei o nome lindo, Lavoura. É forte, marcante, o cultivo”, destaca a comerciante que tinha acabado de voltar de uma viagem à França, com a cabeça cheia de ideias e ideais”. – atesta ela que não esconde a satisfação de ver a casa cheia no final de semana. A chef tinha acabado de voltar da Europa e umas das novidades que a encantou foi a praticidade dos franceses de comer ostras na rua, sem qualquer frescura, tomando vinho. E foi com essa ideia que ela abriu o Jojô no dia 25 de julho de 2011 e estabeleceu o que seria o carro-chefe do restaurante:  a happy oyster, todas as quintas.  “Antes, a ostra estava restrita a churrascarias e restaurantes de frutos do mar, normalmente caros. Com esse evento, acabei dando uma popularizada na ostra e criei uma tradição para as pessoas que até hoje bombam o lugar por conta disso” – afirma a chef que mantém ainda os mesmos pratos do começo por exigência de alguns clientes que não abrem mão. “Um deles me ligou dizendo que ia parar de frequentar o restaurante se eu tirasse o frango ao curry, que está no Jojô desde o primeiro dia”, lembra.  Desde então ela trabalha com o menu fixo e algumas criações do dia, que são sugeridas pelos garçons.    No meio do caminho, Joana ainda teve tempo e disposição de abrir, há três anos, o Proa, que fica na praça Santos Dumont, na Gávea.  “Ele é fruto do meu desejo de ter  uma restaurante só de frutos do mar, que começou no Jojô, mas a falta de espaço não me permitia vôos maiores, receitas mais completas”,  explica ela que mora na Gávea e tem todas as boas recordações do bairro, especialmente porque a mãe ainda mora ali.  No balanço dos 12 anos, a chef acredita que a escolha do Horto para o restaurante foi fundamental. “Esta região tem uma energia diferente e especial, porque agrega a confusão de classes sociais e isso me interessa. Um lugar que não tem mistura, miscigenação, sem referências, não frutifica. É importante que a turma nova de comerciantes que está chegando tenha essa sensibilidade”, avisa Joana que diz ter sido bem recebida pelos moradores do entorno e está sempre buscando a confraternização. Entre os amigos que fez na região estão Samantha, do antigo Bar do Horto e Dona Maria, a costureira que reside no prédio em cima do restaurante, também conhecida como Dona Nolinha. “Eu a chamo Santinha, porque ela está sempre aqui, rezando pela gente e cuidando das plantas na frente do restaurante, incluindo a árvore que ela e o marido plantaram,”, conta.  

Dona Maria e Samantha, vizinhas do Horto

Para o futuro, Joana não pensa em nada nem em novos pratos.  Talvez criar algo com cordeiro, mas no tempo certo.  Seu principal plano é continuar do jeito que está. “Aprendi que a tradição na gastronomia vem do que é pequeno e permanente e foi nisso que o Jojô se transformou sem fazer muito”, conclui. No momento, ela quer agradecer e comemorar com as pessoas que a ajudaram pelo caminho: amigos, parentes e fornecedores.. “Eu não ando só. O Jojô não é a Joana. É uma junção de energia de coisas colocadas aqui, não só por mim. Vamos brindar!!”,  convida a chef.

3 Comentários

  1. Elza Pereira

    Que máximo

    Responder
  2. Bel Lobo

    Adorei a matéria! Amo o Jojö, a Jojö !! Que continuem sendo maravilhosos e constantes!

    Responder
  3. Erika Rangel de Menezes

    Parabéns! Trabalho lindo!!

    Responder

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

MUITO ALÉM DE UM CAFÉ 

MUITO ALÉM DE UM CAFÉ 

A proposta de Claudia Almeida é transformar o Café Cacau & Tal em um ponto de encontro e cultura do JB.