Depois de uma espera de quatro anos, foi aberto em 8 de março o Museu do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (MAB). Novo nome e conceito para o casarão, datado do final do século XIX, que foi sede do Museu Botânico, do herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a partir de 2008 passou a abrigar o MAB.
A nova fase tem patrocínio da Shell Brasil, que investiu R$12 milhões e contratou o IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão -, para fazer a curadoria. A empresa já participa do Museu do Amanhã, mas assumiu com exclusividade o patrocínio do MJB e vem cuidando dos detalhes desde o começo.
– Mais de 300 pessoas estiveram envolvidas no desenho da curadoria e a equipe do IDG fez um belo trabalho, ouvindo pesquisadores e técnicos do Instituto Jardim Botânico, que ajudaram a criar a proposta de museologia. – explica Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil.
Uma maquete mostra a extensão do JBRJ (Foto: divulgação)
O resultado pode ser visto logo na entrada. O espaço de 1.800 m2 continua o mesmo, mas o seu conteúdo, quanta diferença! A partir de agora, o Museu do Jardim Botânico vai destacar o trabalho pioneiro feito pelo IPJB, que é uma referência mundial na conservação da flora brasileira ao longo de mais de dois séculos de história.
Tecidos pintados representam o trabalho do artista Denilson (Foto: Chris Martins)
Com entrada gratuita, o MJB apresenta exposições permanentes, com conteúdos interativos e ampla programação educativa e cultural. Ao todo, são 14 salas, sendo 12 expositivas. No térreo, o cartão de visitas é a instalação feita em colaboração com um comitê de funcionários e pesquisadores do Jardim Botânico. Um outro ambiente abriga a mostra temporária “Muputyra – Nascer em flores”, do artista brasileiro Denilson Baniwa, com temas relacionados ao cotidiano indígena e à natureza.
Instalação mostra a Sumaúma por dentro. (Reprodução: Chris Martins)
Mas o destaque do primeiro andar é a instalação permanente “Sumaúma: Copa, Casa, Cosmos”, de Estevão Ciavatta, com narração da atriz Regina Casé, que promove uma imersão de 360º na árvore amazônica Sumaúma. A espécie faz parte da coleção viva do JBRJ e simboliza para muitos povos o lar de entidades divinas ou mesmo um portal que leva a diferentes mundos. Além de ter sido a árvore favorita do maestro Tom Jobim, que costumava visitar quando andava pelo parque.
Em outro ambiente, “Flora brasileira em perigo” apresenta mais de 100 ilustrações do século XIX de espécies de plantas, sinalizando as que estão em extinção ou sob risco e perigo ambiental.
Jardim de Histórias reúne detalhes de plantas emblemáticas (Foto: divulgação)
No segundo andar, a exploração botânica continua com a mostra “Jardim de Histórias”, que reúne fotos, objetos, textos e trabalhos de ilustradores botânicos do parque sobre plantas emblemáticas da coleção viva, como a palmeira-imperial, bromélia, pau-brasil e vitória-régia, entre outras. Na sala ao lado está a exposição temporária “Mbae Kaá, o que tem na mata: Barbosa Rodrigues entre plantas e pajés”, com curadoria do ciclo de estudos Selvagem, que tem orientação de Ailton Krenak. O projeto – uma esfera de aprendizagens e práticas que articula memórias e saberes de diversas áreas, desde indígenas até acadêmicos – é uma criação de Anna Dantes, que fez a curadoria da primeira exposição no Museu do Meio Ambiente, ” “O gabinete de curiosidades de Domenico Vandelli”.
– O Museu do Jardim Botânico está sempre se transformando, nascendo e renascendo como a própria natureza do jardim. Agora, as atividades do jardim tomaram conta do museu, fizeram dele sua casa. A exposição Mba’é Ka’á é uma celebração ao sonho de Barbosa Rodrigues, primeiro diretor científico do Jardim Botânico, que sonhava com o encontro entre os saberes indígenas e não indígenas. – reflete Anna.
O público assiste a apresentação dos indígenas sobre a exposição (Foto: Chris Martins)
O MJB ainda conta com um laboratório, uma sala de leitura, com livros e versões digitais de obras raras do acervo da Biblioteca Barbosa Rodrigues do Jardim Botânico, além de uma sala multiuso para encontros, palestras e eventos, que será usada também para o projeto educativo. Segundo Grazielle Giácomo, coordenadora técnica e responsável pelas áreas de educação, relações comunitárias e programação de conteúdo e eventos, a proposta é oferecer visitas mediadas durante a semana, focando nas escolas, enquanto nos finais de semana acontecerão atividades voltadas para o público em geral. E, a princípio, as exposições temporárias devem permanecer por seis meses, pelo menos. A curadoria ainda não começou a pensar nos próximos eventos. “Com os espaços que temos disponíveis, certamente teremos um leque de possibilidades de exposições e artistas para apresentar ao público”, aposta a coordenadora.
Glauco Paiva, da Shell Brasil: MJB é uma ode à diversidade (Foto: Chris Martins)
Em sua primeira semana de funcionamento, o Museu do Jardim Botânico atendeu todas as expectativas e teve uma média de 500 visitantes por dia. Para Glauco, esta parceria reflete o compromisso da Shell Brasil com o desenvolvimento sustentável, a educação ambiental e a valorização da história, que tornam o Rio de Janeiro uma cidade verdadeiramente única. E resume bem o que se pretende com o MJB:
– O Jardim Botânico é muito mais que um jardim, que um parque e nossa proposta é apresentar ao público um pouco deste centro de pesquisa de excelência, referência no mundo. O Museu do Jardim Botânico é uma ode à biodiversidade!
Serviço:
Museu do Jardim Botânico
Local: Rua Jardim Botânico, 1008
Visitação: De quinta a terça, 10h às 17h (fechado às quartas)
Entrada gratuita (retirada de ingresso pelo site)
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