Quando eu era jovem, lá na Tijuca, tinha umas amigas, irmãs, que eram loucas por bichos. Eram quatro: Marcia, Claudia, Paula e Roberta, que moravam em uma casa no Maracanã que parecia a Arca de Noé. Além de vários cachorros, de todos os tamanhos e raças, o espaço ainda contava com gatos, um galo e um jabuti. A amizade aconteceu em um Réveillon de 1980 e acredito que os pets reforçaram essa relação. Na viagem de ônibus para Angra dos Reis, Claudia passou boa parte do trajeto me relatando seus problemas com um tal de Johnny. Como ele era sensível aos fogos de fim de ano, sofria com o barulho, tinha falta de ar, etc. Até que, em algum momento algo não bateu e ela me revelou que Johnny era um vira-lata da família rimos muito da confusão.
Assim são os petlovers, que junto com seus bichos de estimação, habitam um universo paralelo, onde lambidas e rabos abanando valem ouro. São pessoas que facilmente trocam a companhia de seres iguais para se divertirem com peludos de quatro patas. A mesma amiga, citada acima, uma vez me confessou isso, que gostava mais de bicho do que de gente. Ela seguiu sua natureza, foi fazer veterinária e hoje vive em uma casa no Itanhangá, cercada por mais de 40 bichos.
Cláudia é um caso isolado, mas existe um exército de Brancaleone sempre pronto a socorrer pets carentes e desabrigados. Esta semana mesmo eu recebi, de vários lugares, fotos de um cão perdido na rua Senador Simonsen e logo, apareceram voluntários prontos para acolher o bicho enquanto o dono não aparecia.
Floriano na caminha, pronto para dormir
Tem gente também que transforma essa paixão em negócio. É o caso de Beth Lessa e Rosana Rosadas, sócias do Riopet Gávea. Instalado em um casarão no alto da Gávea, o espaço é creche e hotel para cães de primeira. Ali elessão realmente os donos do pedaço. E falo com propriedade porque quinzenalmente o Floriano, o peludo da casa, um SRD (sem raça definida) , mistura de border collie com pitbull, que, chamo carinhosamente de pônei, pelo seu porte grande. Por ser um cachorro de porte médio, ele precisa se exercitar e costuma ir para o Riopet, quinzenalmente, passar o final de semana fora, com seus “petfriends”, como a gente brinca aqui em casa.
Floriano chegou pequeno, em 2019. Mas, por conta do isolamento provocado pela pandemia, ele acabou ficando um pouco arisco, principalmente por ser achar o chefe da matilha, o dono da casa. E olha que ele tinha um companheiro de patas, o Toddynho, um shih tzu adotado aos seis meses, que nos deu muita alegria, por quase 15 anos e que partiu recentemente. Por conta dessa rebeldia do Floriano, eu fui atrás de um adestrador, descobri a Riopet e fiquei encantada com o espaço e com a atenção de toda a equipe. Hoje não queremos outra vida.
O Riopet funciona como uma creche e recebe diariamente cães, atendendo cada vez mais uma demanda de quem trocou a opção de ter filhos por um pet , e não quer deixá-lo sozinho em casa. E como toda escolinha, o espaço ainda promove datas festivas, como aniversariante do mês, carnaval, dia das bruxas, quando eles aparecem em fotos fantasiados.
Foi no Riopet que Floriano passou a gostar de piscina. Antes ele tinha medo
Lá, Floriano aprendeu a nadar na piscina, ficou mais sociável com outros cães e sempre volta exausto de tanto correr e se agitar com seus petfriends. Durante o tempo em que ele está lá, a gente recebe fotos e vídeos. Mas a imagem mais emblemática, que nos dá aquela tranquilidade é a última do dia, por volta das 19h, quando ele já está pronto para dormir, em sua caminha. Isso não tem preço. E hoje, sou capaz de dar uma de Claudia e passar horas falando do Floriano, suas caretas e travessuras como se ele fosse humano.
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