Passeios de escola, piqueniques, festas… Quem foi criança na Zona Sul do Rio de Janeiro nos anos 1970 e 1980 guarda, com carinho, memórias afetivas do Parque Natural Municipal da Cidade, ou simplesmente, do Parque da Cidade, um dos mais bonitos do Rio. Atualmente Unidade de Conservação Municipal, o parque foi criado em 1941 pelo prefeito Henrique Dodsworth e ocupa 470 mil metros quadrados, com gramados, lagos, trilhas, reserva florestal e o Museu Histórico da Cidade, que, após 10 anos em obra, foi reaberto em maio de 2021.
O Parque da Cidade está localizado na Gávea, em terreno primeiramente ocupado por uma fazenda de café, conhecida como Chácara do Morro Queimado. A partir da segunda metade do século XIX, a propriedade foi ocupada por representantes da nobreza brasileira, como o político paulista José Antônio Pimenta Bueno, futuro Marquês de São Vicente; Antônio Teixeira Rodrigues, o Conde de Santa Marinha; e, em 1930, pelo engenheiro Guilherme Guinle, que viveu ali por dez anos. Neste período, o empresário reuniu por lá animais e plantas da Mata Atlântica, além de ter construído um orquidário com mais de 100 espécies. A propriedade foi vendida à Prefeitura do, então, Distrito Federal, em 1939.
Por ter sido fazenda de café, boa parte do parque precisou ser reflorestada, mas ainda há seções nativas de Mata Atlântica. Espalhada em terreno íngreme e cortada pelo rio Rainha, a área verde é das mais exuberantes. Há fileiras de palmeiras, árvores frutíferas e espécies raras, como árvores de pau-brasil, além de exemplares de pau-mulato, pau-ferro e jacarandás, bastante comuns no Parque Nacional da Tijuca.
Outras atrações do lugar são um lago, playground infantil, equipamentos de ginástica, Academia da Terceira Idade, mesas para damas ou xadrez e espaços propícios para piqueniques e trilhas. Em 2017, foi aberto o Circuito Circular do Parque da Cidade com 2,6 quilômetros de extensão. O percurso faz parte da Trilha Transcarioca, que conecta o parque a outros pontos da cidade, como a Trilha do Jequitibá, a Cachoeira da Imperatriz e a Vista Chinesa, no Horto.
Apesar de toda essa riqueza e vocação popular, o parque passou um bom período abandonado. Os maiores frequentadores do lugar são os moradores da região, incluindo os da comunidade Vila do Parque da Cidade, cuja ocupação teve início com o fim da escravatura no Brasil, com a destruição da senzala que servia à Casa Grande da propriedade. A boa notícia, segundo relato do filósofo e compositor Francisco Bosco, no Instagram, em 18 de julho, a situação melhorou: “O parque está hoje cheio de gente, cumprindo plenamente sua função de equipamento público de lazer”.
Uma frequentadora assídua é Ana Cristina da Silva, que mora há 16 anos na comunidade vizinha e costuma levar os netos para brincar na ampla área verde:
– Eu venho sempre. Gosto muito de fazer piquenique e visitar o Museu. Dá gosto passear por aqui. Os brinquedos foram renovados, e as árvores, podadas – atesta.
Os adultos também aproveitam o espaço para gastar a energia. Para quem precisa de orientação para se exercitar, uma dica é o projeto PraticaRio, que oferece, gratuitamente, aulas de ginástica funcional, às terças e quintas, das 7h às 8h30.
A beleza do Parque atrai também gente de outras regiões. Daniel Ventura, de 23 anos, e João Pedro Ferreira, de 21, saíram da Zona Norte para conhecer o Instituto Moreira Salles. Lá, Daniel lembrou que o parque ficava ali perto e, como não conheciam, decidiram visitar. A dupla gostou do que viu: “O espaço é muito bonito e arejado. Parece a Quinta da Boa Vista, só que mais úmido”, observou Daniel. “Gostei de ver que aqui os cachorros andam livres, o que não acontece na Quinta”, completou João Pedro.
No dia a dia, o Parque da Cidade é mesmo muito procurado por donos de cachorro – especialmente os de grande porte – e para atividades físicas. A arquiteta Adriana Cassas não abre mão de um passeio por lá pelo menos uma vez por semana. Moradora de Copacabana, ela costumava ir ao parque com a mãe quando era pequena e agora curte trazer sua cadela Titi, para passear:
– Venho há dois anos. Gosto muito de passear com a Titi pelas trilhas. Ela tem outros amiguinhos aqui, e a cachorrada se junta e se diverte. Tá tudo muito bem cuidado, e a reabertura do Museu, recentemente, foi uma ótima notícia – atesta.
Nos finais de semana, desde a reabertura do Museu Histórico da Cidade, o passeio ganha reforço com uma programação especial, que pode ser acompanhada pelas redes sociais do museu. Aos domingos, a baiana Rosa Perdigão instala seu tabuleiro “Cheirinho de Dendê” no entorno do museu. No sábado, dia 7/8, às 10h30, tem apresentação de voz e violão de Pedro Alvorada, que tem como principais referências Jorge Ben Jor, Nando Reis e Paralamas do Sucesso.
Parque Natural Municipal da Cidade do Rio de Janeiro
Rua Santa Marinha 503 – Gávea
Funcionamento Parque: de terça a domingo, das 8h às 17h
Funcionamento Museu Histórico da Cidade: de quinta a domingo, das 9h às 16h
Entrada e estacionamento gratuitos
Devido à pandemia, os banheiros estão fechados e o uso de máscara é obrigatório.
*Por Betina Dowsley
Muito bom a reabertura do Parque da Cidade depois de dez anos fechado.
Tem um bom café, exposição e um bom acervo.
Bom tb para observar aves!
Oi, Lena. O que ficou dez anos fechado foi o Museu Histórico da Cidade; a área verde seguiu aberta.