13 de fevereiro de 2025
POR UM MUNDO COM MAIS PALAVRINHAS GENTIS

Chris Martins escreve sobre o quanto o mundo anda mal-educado e sem palavrinhas gentis. Você já deu bom dia hoje? 

Quando Carol, minha filha era pequena, comprei dois livros que se tornaram referência aqui em casa: “Anita Bocadura”, de Mariangela Bueno e  “A descoberta de Roberta”, de Cristina Von.  Ambos integram a Coleção Moral da História, da Editora Callis. O primeiro era sobre uma menina que era levada pela avó, se não me engano, a uma loja de palavrinhas mágicas, como “bom dia”, “obrigada” e “por favor”.  Já o segundo mostrava a tal Roberta descobrindo que as pessoas quando não estão alegres e sorridentes, muitas vezes é por um bom motivo.  Livros lindos, que até guardei para quando os netos vierem. 

Livro “Anita Bocadura”, de Mariangela Bueno, da Coleção Moral da História, da Editora Callis

Me lembrei dele outro dia vendo o novo (velho) Presidente dos Estados Unidos no noticiário da TV. Fiquei pensando que Trump nunca deve ter visitado uma loja de palavrinhas mágicas e tem todo o tipo de ter sido esse menino mimado e carrancudo desde pequeno. O mundo anda muito sem modos, diria minha avó Alice se estivesse viva, com toda a razão. Foi-se o tempo que as pessoas abriam a porta do elevador educadamente, ou quando passam por alguém resmungam um “bom dia”, que parece estar desejando o contrário.  Hoje vive-se a máxima “não fez mais que a obrigação”, mesmo quando você faz uma gentileza. Ninguém pergunta como você vai?, já reparou? Muitas vezes quando encontro alguém assim, voluntarioso, penso comigo: “essa pessoa precisa praticar palavrinhas gentis”. 

Em tempos de internet, as pessoas não dizem um olá, como vai antes de iniciar uma conversa. Simplesmente vão escrevendo loucamente no Whatsapp sem saber se você pode ou quer falar. Como no livro de Cristina Von, às vezes a gente não está em um dia bom. Para não cair nesses gatilhos, tento sempre começar qualquer conversa no “zap” com um bom dia ou olá. Treino meu, se conseguir passar para alguém já me dou por feliz. 

Mas nesse mundinho sem graça e sem educação que vivemos há uma luz no fim do túnel, aquela semente que nasce dentro do cimento. Adoro quando estou remando com a turma de canoa havaiana do Vasco, na Lagoa e passa uma outra embarcação e a gente cumprimenta uníssono: “bom dia”. Que palavra bonita, não acham?? Precisamos praticar mais!! B-O-M D-I-A! A gente fica até animado, já começa bem!

Não sei se por conta do fim do Bloco da Pracinha ou pela nova idade, entrando na casa dos 60, venho me emocionando com pequenos gestos. Outro dia estava dentro do supermercado Zona Sul, conversando com alguém e acho que falei algo sobre o jornal. De repente ela se aproximou e disse: ah, queria conhecer a cara do Jb em Folhas e disse que acompanhava. Da mesma forma, fico feliz quando alguém chega e diz que leu o jornal. Afinal, poucos sabem o trabalho que dá, mesmo hoje sendo digital. Em outro momento fui parada por uma vizinha conhecida que, carinhosamente, agradeceu o meu empenho em tentar resolver uma questão aqui do bairro. “Você não sabe o quanto é importante o trabalho que você faz”. E agora, com a despedida do bloco, recebi várias mensagens e fotos fofas, lembrando momentos inesquecíveis na pracinha e agradecendo tanta dedicação. A vida presta e é bom receber carinho sim! 

Eu adoro o Bloco da Pracinha, o JB em Folhas e a Festa Junina, que faço com meu querido parceiro, Carlos Lisboa, do Último Gole. São como filhos, estão sempre no coração, mesmo que eu pare de fazer, como é o caso do bloco. No próximo dia 22/2, o sábado antes do carnaval vai ser diferente. Afinal, por 18 anos eu tive um ritual de acordar cedo, ir para a pracinha, ver se ela está arrumada, organizar os ambulantes (discutir com eles que estão sempre querendo ficar onde não devem, rs) e tudo mais. Nada disso vai acontecer. 

Ainda estou meio sem rumo, e, na dúvida, talvez eu pare no Joia e já fique por lá, me concentrando para o domingo do Suvaco. Quem sabe?? Esse é outro que quando parar, ano que vem, vai deixar uma lacuna no coração dos moradores. Alguém já pensou nisso, no que fazer?  Bom, ainda temos um tempinho. O importante é que, como escreveu Vinícius de Moraes, “seja infinito enquanto dure”. 

Para os que perguntam porque o bloco acabou, eu digo, que é uma pausa, sem prazo de volta. Tem uma hora que a gente cansa de fazer a mesma coisa e organizar um bloco dá trabalho e envolve muita responsabilidade. Imagina para quem faz quase sozinha?  Assim como penso que está chegando a hora de encerrar as atividades do JB em Folhas. Afinal, tudo tem um tempo para existir. Enquanto isso, vamos seguindo e pensando em praticar pequenas gentilezas. Para os que leram essa coluna, fica o meu carinho. Ela é feita para você.

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