A Paróquia de Santa Margarida Maria faz parte da paisagem da Fonte da Saudade desde os anos 1950. Após a abertura do túnel Rebouças, em 1965, ganhou destaque especial, marcando a chegada à Lagoa Rodrigo de Freitas. Mesmo quem não frequenta a igreja se admira com sua imponência e ouve as badaladas diárias de seu sino. Para os católicos, a presença vai além, com missas diárias, batizados comunitários, celebração de casamentos, catecismo, crisma, pastorais e encontros de casais, entre outras atividades. Há 25 anos sob o comando do Cônego Manuel de Oliveira Manangão, a Paróquia desenvolve trabalho comunitário voltado para as comunidades da Rocinha e do Recanto Familiar (Humaitá).
A Igreja Santa Margarida Maria ocupa um terreno grande, entre as ruas Fonte da Saudade, Dinah Silveira de Queiroz e Frei Solano, às margens do viaduto Saint Hilaire. No começo da ocupação da região, o lugar ficava às margens da Praia da Piaçava, que, após o aterro da Lagoa Rodrigo de Freitas na década de 1920, virou Praça da Piaçava, para onde afluíam ruas importantes, como a Jardim Botânico e Humaitá, e, mais tarde, as avenidas Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa. Naquela época, ali perto, na rua Almeida Godinho, ficava a Capela da Congregação dos Sagrados Corações.
Uma das quase 300 paróquias da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a de Santa Margarida Maria foi fundada em 1936, um ano depois do Loteamento Fonte da Saudade, quando funcionou numa casa adaptada às novas funções. A pedra fundamental da Igreja Matriz da Paróquia Santa Margarida Maria foi colocada no dia 8 de novembro de 1942, antes mesmo da conclusão de seu projeto arquitetônico, assinado por Fernando Iheli Lemos, o mesmo de várias residências erguidas em volta da Lagoa. A construção se deu nos moldes da expressão popular muito usada na época: “obra de igreja”, realizada com recursos arrecadados juntos aos fiéis ao longo dos anos. A inauguração da igreja aconteceu em 1956, quando a data de 16 de outubro foi estabelecida como Dia de Santa Margarida Maria.
Quem se interessa por arquitetura, tem muito a observar. A igreja segue o estilo neocolonial ibérico, marcado por duas torres gêmeas, uma de cada lado. Hoje, apenas o campanário direito tem sino acoplado a equipamento eletrônico, que faz com que ele toque badaladas de hora em hora, das 9h às 18h, mas com maior destaque nas horas litúrgicas (9h, 12h, 15h e 18h). A construção é elevada e conta com escadaria em dois lances, cortada por uma rampa para acesso de carros, a partir da qual, nos anos 2000, foi acrescentado um plano inclinado, à esquerda, para uso de cadeirantes, carrinhos de bebê, etc. Outra interferência arquitetônica foi a instalação de grades ao redor da Matriz, ainda na década de 1980.
A entrada da igreja Santa Margarida Maria tem três portas de jacarandá entalhadas. No interior, as paredes são revestidas com lambris do mesmo material, assim como os dois confessionários situados à esquerda e à direita. O altar é decorado com estátuas do Sagrado Coração de Jesus e de Santa Margarida Maria. A nave conta com oito colunas e oito vitrais de Conrado Sörgenish, quatro de cada lado. O artista produziu outros 20 painéis, que adornam o coro e as torres da igreja. Posteriormente, também foram decorados com vitrais a sala da secretaria, o salão de eventos e a “Gruta do Milênio”, construída no ano 2000, no jardim lateral voltado para a rua Frei Solano, que faz alusão à Sagrada Família. Para visualizar os detalhes deste vitral, a dica é ir à noite, quando a gruta recebe iluminação artificial interna. O conjunto arquitetônico da igreja inclui ainda um subsolo, com dois salões de eventos, banheiros e cozinha, com acesso interno e pela rua Fonte da Saudade. Já na praça Santa Margarida Maria, foi instalada uma estátua que representa o Sagrado Coração de Jesus.
À frente da Paróquia desde 2007, o Cônego Manuel de Oliveira Manangão é o nono pároco da Santa Margarida Maria e conta com a assistência do Diácomo Miguel Passos Elias nas celebrações religiosas. Além dele, muitos voluntários ajudam na rotina da igreja, formando grupos de apoio e realizando atividades de assistência social e evangelização de moradores da Rocinha e do Recanto Familiar (Humaitá). Há grupos para os mais variados temas, de educação, família e saúde aos mais tradicionais, de oração.
Em datas importantes para a Igreja Católica, como Corpus Christi, paroquianos costumam se reunir com o objetivo de criar o tapete que ornamentará o corredor central da nave no período. Os frequentadores fiéis guardam boas lembranças da Festa Junina, de apresentações musicais e comemorações especiais organizadas na igreja. Em 2013, durante a XXVIII Jornada Mundial da Juventude, a Paróquia Santa Margarida Maria acolheu em suas dependências sobretudo peregrinos de língua francesa, mobilizando paroquianos para ajudar no atendimento direto aos estrangeiros, bem como aos bispos e padres para a realização das catequeses e missas.
A pandemia impulsionou a modernização das celebrações. No século XXI, os celulares são bem-vindos em seu interior e servem para acompanhar as missas semanais e de domingo, cujos folhetos, assim como os de adoração, são disponibilizados aos fiéis em QR Code, logo na entrada da igreja. Os eventos estão voltando à Paróquia. Conforme anunciado no perfil do Instagram da Igreja, no próximo dia 27 de maio, às 20h, será realizado um bingo para arrecadar fundos para o 51º Encontro de Casais com Cristo. O ingresso custa R$ 10,00 e dá direito a uma cartela para a jogar a última rodada, que promete ser especial. Para acompanhar a brincadeira, cada casal leva um prato de salgado/doce. As bebidas serão vendidas no local.
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Sobre a Santa Margarida Maria
MARGARIDA MARIA ALACOQUE, nasceu no dia 22 de agosto de 1647, na aldeia de Lautecour, na Borgonha, região da França. Aos 8 anos, após a morte do pai, foi morar num convento de Clarissas. Anos depois adoeceu e voltou para a casa da mãe, onde ficou acamada por quatro anos. Em 1661, após uma promessa à Virgem Santíssima, recuperou a saúde. Com 24 anos, mudou-se para outro convento e, a partir do ano seguinte, teve uma manifestação visível de Jesus, que se repetiu toda a primeira sexta-feira do mês, ao longo de dois anos. Margarida Maria passou a propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e nunca mais saiu do convento, onde morreu aos 43 anos, em 17 de outubro de 1690. Sua canonização aconteceu em 1920, mas a data de sua festa foi antecipada em um dia para não concorrer com a de Santo Inácio.
Paróquia Santa Margarida Maria
Rua Frei Solano, 23 – Lagoa
Contato: 2286-9596 / 99452-3220 / secretariasmm@hotmail.com
* Texto e fotos atuais: Betina Dowsley
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