A pandemia provocou mudanças em diversas dinâmicas de trabalho. Muitas pessoas migraram para o home office e não querem mais saber de escritórios mais convencionais, por exemplo. E as empresas também abriram mão da estrutura e criaram rotinas híbridas, entre a casa e pequenas estações de trabalho. Mas, nem todo mundo tem o espaço necessário para realizar as tarefas do dia a dia dentro de da própria residência, o que contribuiu para o crescimento da busca por locais próximos da rotina para realizar reuniões, se concentrar melhor e até mesmo fazer networking com outras pessoas, como os coworkings, que já são uma tendência.
– É muito interessante a troca diária que a casa possibilita. Já me inspirei muito em pessoas e situações daqui para criar personagens e cenas nos meus roteiros. Só não posso revelar quem são, se não vai perder a graça! – brinca Sérgio Goldenberg, roteirista da Rede Globo e morador da Gávea, que está na Fazedoria há quase um ano.
Marcos trabalha na Fazedoria há 10 anos.
A simpática casa na Rua Visconde de Carandaí, no Jardim Botânico, é um braço do grupo WDG e, desde 2015, funciona como coworking. Os dois andares do local comportam diversos tipos de negócios, desde agências de viagem, administração de restaurantes até trabalhadores autônomos e empreendedores. “Normalmente, quem procura por um espaço para alugar aqui são pessoas que moram no Jardim Botânico e também nos bairros próximos. A maioria também trabalha de maneira autônoma ou em home office, o perfil não foge muito disso”, revela Marcos de Oliveira, de 49 anos, gestor da Casa Fazedoria, que não esconde o deslumbre dos interessados pelo ambiente, rodeado pelo verde do bairro.
Para Márcio Rosa, diretor da Quimbaya Tours, a proximidade de casa é fundamental para a escolha do ambiente de trabalho:
– O Rio de Janeiro tem um trânsito muito intenso, em qualquer lugar. Por isso, a proximidade com a minha casa pesou muito na escolha pela Fazedoria, já que posso vir de bicicleta ou andando, como faço quase todos os dias. Quando está chovendo, abro uma exceção e venho de ônibus – revela o morador do Humaitá, de 62 anos, que aderiu ao coworking em 2022.
Márcio e Sérgio estão satisfeitos em trabalhar perto de casa.
Em algumas ocasiões, essas conversas chegam até a ajudar na resolução de outros problemas da vida cotidiana, que não necessariamente dizem respeito ao trabalho. “Aqui, conheci uma corretora de imóveis e, por acaso, meu marido estava com um apartamento para vender e ela ajudou nesse processo”, revela Ana Cristina Antunes, baiana, que conheceu a Fazedoria por meio de sua cunhada, Gabi Haber, que também usa o espaço. Para ela, o fato do local não ter a cara de uma empresa, ajuda a criar um ambiente mais saudável:
– Em casa, às vezes fico muito tempo sentada e esqueço de tirar uns minutinhos para beber um café, uma água e respirar. Com mais gente em volta, conversando, fica mais fácil lembrar dessas pausas necessárias. O trabalho acaba fluindo melhor, pois não fica tão maçante
Empresários da moda por muitos anos, Débora Coelho e o marido, Ronaldo Vianna, decidiram apostar em um novo negócio: um espaço para trocas de ideias e estimular novos negócios. Assim surgiu a Casa da Gávea, na rua José Roberto Macedo Soares, no epicentro do baixo Gávea, que tem como foco oferecer ambientes para múltiplos usos. O local ainda não está funcionando normalmente, mas já conta com um escritório de arquitetura e uma produtora de podcasts.
Estúdio para podcasts na Casa da Gávea
“Queremos criar oportunidades de intercâmbio de ideias e até colaborar com a nossa experiência em negócios. O espaço conta com salas de diferentes tamanhos e aposta em conceitos, como salas criativas para inspiração e descanso da mente. E a localização foi determinante, afinal, nada melhor do que exercitar o ócio criativo no BG”, afirma Débora.
Mônica de Souza, especialista em branded content e storytelling, tem usado a Casa da Gávea para reuniões e está satisfeita. “A localização é ótima e a estrutura idem, pois você pode reservar a sala de acordo com a sua demanda de trabalho. Eles ainda têm um espaço multimídia com estúdio para gravação e edição. Tudo que você precisa em um mesmo lugar”, conclui.
Mônica na Casa da Gávea. (Foto: Chris Martins)
E como a palavra do momento é criatividade, porque não reunir várias mentes em um único espaço a serviço da arte?? Esta é a proposta de Mangue, um coworking voltado para artistas plásticos e designers que acabou de abrir no Jardim Botânico, próximo à Escola de Artes Visuais. A casa, onde funcionava uma das unidades do Laboratório Lach, agora é fértil de ideias e pretende oferecer aulas de arte e promover diferentes collabs, que nada mais é do que parcerias estabelecidas em torno de um projeto específico.
Mangue e seu conceito de coworking cultural
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