Gula, substantivo feminino, vício de comer e beber em excesso; glutonaria. É isso que o restaurante Gula Gula vem promovendo há 40 anos com orgulho. Primeiro foram os cariocas, mas desde 1984, os paulistas também estão degustando as delícias do restaurante que traz na essência e nas receitas a Zona Sul do Rio de Janeiro.  Hoje, a marca é um sucesso, com 11 restaurantes entre Rio e São Paulo, atendendo 100 mil pessoas por mês e entregando, por delivery, mais de 25 mil refeições ao longo de 30 dias.  No comando atualmente estão os sócios Patrícia Wiethaeuper e Duda Daniel, antigos clientes que entraram em 2012 com a proposta de abrir franquias e acabaram se tornando sócios e hoje estão à frente da família Gula Gula sempre buscando inovar sem perder a essência e já preparando um novo lançamento, que deve acontecer no primeiro semestre de 2025 no Jardim Botânico, onde era a Padaria Século XX. 

– Estamos há 25 anos e no balanço dos 40 a gente olha e fica orgulhoso com o resultado, mantendo a qualidade através da nossa equipe, já que nossos produtos são feitos em cada unidade, sem cozinha central. Isso exige treinamento, capacitação e cuidado contínuo. – afirma Patrícia, que é complementada por Daniel. “São 40 anos desenvolvendo e criando, de olho no cliente e também nas tendências de mercado. Quando começou, a gente oferecia apenas saladas, hoje o menu é completo, com muita saída dos pratos executivos. São poucos os restaurantes que chegam a esta marca mantendo o mesmo padrão. 

A história desses 40 anos está reunida no livro “Gula Gula 40 anos”, lançado em novembro, com texto de Melina Dalboni e fotos de Tomás Rangel, com a participação especial de Fernando Gabeira, que assina o prefácio sobre a “sua cozinha”, como ele mesmo se refere ao restaurante. As 140 páginas relatam a história, falam sobre o crescimento e os desafios, trazem algumas receitas dos pratos mais procurados, além de depoimentos de clientes ilustres, como os atores Rodrigo Lombardi e Bruno Mazzeo, além de chefs Roberta Sudbrack, Felipe Bronze e Thomas Troisgros, entre outros, que deixam a concorrência de lado para ressaltar a excelência do restaurante carioca, que deu um novo conceito para a ideia de consumir salada no almoço. 

O livro “Gula Gula 40 anos”, conta com prefácio de  Fernando Gabeira (reprodução).

A história teve início em uma pequena loja da Rita Ludolf, como uma ação entre os amigos. Claudio Bernardes e Pedro Salgado se uniram para, literalmente, colocar Fernando de Lamare para trabalhar. O aposentado na época gostava de cozinhar e, para mante-lo na ativa, criaram um espaço que começou oferecendo refeições leves para o pós praia, como saladas, batata assada e mousses, além de uma novidade que veio para ficar: a quiche com salada.  Aos poucos, através do palpite dos amigos e clientes, alguns pratos quentes foram incorporados e a marca começou a bombar, fazendo com que o filho caçula de Fernando, Pedro de Lamare, viesse trabalhar no restaurante para dar um reforço na administração. E a partir daí, surgiu um restaurante que representa o lifestyle carioca há 40 anos, sem perder a ternura e o tempero.  

A  receita salada de batata frita é um clássico do restaurante. (Foto Divulgação)

Do Leblon veio o restaurante do Centro, na rua Senador Dantas, com almoço executivo e depois o Gula Gula do Hotel Marina. Patrícia e Duda não se conheciam, mas tiveram a mesma ideia, de abrir uma franquia do Gula Gula com um ano de diferença. Em 1999, ela procurou Pedro De Lamare, que administrava o negócio na época e abriu a primeira franquia, na rua do Ouvidor, no centro do Rio, depois de estagiar por seis meses em todos os setores da marca. Em 2000 chegou Duda, que abriu a loja do Shopping da Gávea e em 2004 no Jardim Botânico, onde a dupla almoça quando vão ao escritório que fica também na rua Maria Angélica e que tem uma história curiosa. 

– Eu estava acompanhando a obra da loja do JB, e o ponto não tinha um histórico comercial de sucesso. Mas um dia uma senhora parou ao meu lado e disse que ali   era uma “caveira de burro” (expressão usada para pontos comerciais que nào fazem sucesso), mas que o motivo era a entrada que ficava na esquina da rua Alexandre Ferreira, atraindo energias negativas.  No dia seguinte mudei o local da entrada para a Maria Angélica e desde então é só sucesso. – revela Duda. 

Duda e Patrícia estão atualmente no comando da marca. (Foto Divulgação)

Em 2021, Pedro deixou a sociedade e Patrícia e Duda assumiram o comando total, sempre trabalhando em parceria, enfrentando o período mais difícil da gestão durante a pandemia. A expressão “antes e depois” marca esse período em que os dois precisaram se reinventar. E qual fênix, reestruturam o delivery e investiram no marketing digital.  Nesse período, o serviço de entregas cresceu de 10% para 30% do faturamento, refletindo a capacidade de adaptação da marca. Para atender à demanda crescente, o restaurante estabeleceu uma parceria estratégica com o iFood, além de contar com uma empresa terceirizada para realizar as entregas. Agora, o Gula Gula se prepara para lançar sua própria plataforma de delivery, reforçando seu compromisso com a inovação e o atendimento de excelência.

Entre as receitas do livro estão os clássicos paillard com fettuccine, picadinho de carne, as saladas frango ao pesto e batata frita, além de opções modernas como pokes e pratos acompanhamentos low carb, como abobrinha recheada e caponata de legumes. As sobremesas não ficaram de fora e é possível fazer a famosa torta de limão em casa. 

Quando o assunto é escolher um prato preferido, fica difícil para Duda e Patrícia escolherem apenas um e as escolhas refletem a diversidade e o sabor do cardápio do restaurante. A sócia destaca sua paixão pela salada com batata rosti, frango grelhado e creme de ricota, enquanto Duda é fã dos pokes e do “monte o seu prato”, combinando salmão com folhas frescas. Nos fins de semana, ele confessa ceder às tentações da carne seca com purê de abóbora, acompanhada de uma cerveja gelada. Esses gostos pessoais mostram como o cardápio atende a diferentes momentos e preferências. 

Preparados para mais uma década, Patrícia e Duda estão animados com o novo negócio, que devem inaugurar no primeiro semestre de 2025, no Jardim Botânico, onde era a padaria Século XX. Ainda mantendo mistério, eles estão certos de que os clientes vão aprovar. 

– Nosso trabalho é dinâmico, e prezamos pela proximidade com clientes e funcionários. Estamos sempre atentos à qualidade e à experiência oferecida em nossas unidades e vamos levar essa experiência para o próximo negócio. Aguardem.”, promete Patrícia.