“Tem que correr, tem que suar, tem que malhar”, já dizia o clássico “Estrelar”, de Marcos Valle. E há quem leve a vida seguindo este ensinamento. É o caso de Vintheri de França Siqueira, de 61 anos, que desde nova tem uma ligação forte com esportes e há dez descobriu a canoa havaiana. Sorte de quem pratica a modalidade no Clube Clube de Regatas Vasco da Gama, na sede da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde ela é treinadora desde maio de 2022, atendendo a um convite de Leonardo Lorang, que administra o esporte no clube. Juntos, eles treinam cerca de 40 alunos, que se dividem entre os horários de 6h às 8h, de segunda a sexta.
Quando jovem, Vintheri costumava correr de cinco a dez quilômetros, fazia Muay Thai e pedalava quase 40 quilômetros diariamente e acabou sendo patrocinada pela Nextel. Mas há dez anos, teve que se mudar para Cabo Frio. Ela que frequentava a cidade como turista, não se adaptou à rotina como moradora , deixando seu lado atleta de lado.
Vintheri como Klebinho, que a incentivou
– Fiquei mal e acabei engordando. Foi um período ruim. Até que um dia meu marido Klebinho, querendo me incentivar, me levou para fazer uma aula de canoa havaiana no clube Makai Hoa. Foi uma descoberta, eu me reencontrei com o esporte. Quando o técnico me disse que eu tinha o jeito para o esporte, comecei a treinar e me dedicar novamente. – lembra a treinadora.
Na época, Vintheri tinha 50 anos. Um mês depois de ingressar nas categorias OC6 e OC2, o técnico a convidou para participar do campeonato estadual, mas Vintheri preferiu não competir, pois ainda estava se adaptando ao esporte. Aos poucos foi disputando amistosos em Cabo Frio, até conquistar seu primeiro lugar no pódio e se encantar pelo esporte. A partir daí, passou a competir regularmente até participar dos jogos Pan-americanos de Va’a em 2019, em que foi medalhista de ouro. Em 2023 ela disputou novamente, no final de novembro e foi medalhista de prata.
A equipe medalhista de prata este ano
Para a treinadora, a canoa havaiana é um esporte completo. Na parte física, é uma forma de estimular exercícios aeróbicos e de musculação ao mesmo tempo. Segundo ela, com a prática, o aluno passa a trabalhar a postura, contrair o abdômen, fortalecer a lombar, além de outros músculos que são estimulados durante o treino. E ainda traz benefícios para a parte psicológica.
– Nas aulas, trabalhamos não só o bem-estar individual, mas também o coletivo. Há alunos que chegam para as aulas passando por problemas na vida pessoal, e logo criam uma rede de amigos e de apoio dentro do grupo, onde todos são incluídos. Eu acho sensacional poder ajudar outras pessoas – reforça a treinadora.
Para 2024 está no planos da treinadora profissionalizar cada vez mais o VA’A no Vasco. A ideia é confederar a organização para participar de competições estaduais, além de preparar uma equipe feminina para futuros campeonatos.
Vintheri e sua turma no Vasco VA’A
Bióloga de formação, Vintheri chegou a estudar psicologia, informática educacional, design de interiores e urbanismo, sem ter completado. A instrutora utiliza a própria história como exemplo, já que sua formação acadêmica não é ortodoxa no sentido de trabalhar com esportes.
– Não tem nenhum pré requisito. A pessoa pode ter 30 ou 70 anos. E dentro da canoa não tem idade, eu vou cobrar o máximo para ter o melhor desempenho que cada um pode oferecer. Há pessoas que praticam a canoa visando o lazer, mas há muitos que preferem focar na parte competitiva e física. Isso não é um problema. Tem espaço para todo mundo! – conclui Vintheri.
Vintheri e Leo, no meio, com a equipe do Vasco
0 comentários