Como dizem os versos de “Flores” dos Titãs, “há flores em tudo que eu vejo”. Assim é a vida de Delfina de Araújo, curadora do Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) que está à frente da produção da Mostra de Orquídeas de Outono, de 2 a 4 de junho. O evento terá palestras e minicursos sobre o cultivo dessas plantas, visitas guiadas ao Jardim das Orquídeas – área aberta ao lado da estufa de vidro -, além de uma mostra de flores e venda de plantas, terras e insumos.

“Não sou bióloga!”, faz questão de avisar a profissional a quem pergunta sua ligação com a planta. Musicista de formação, há mais de duas décadas se apaixonou pelas orquídeas e resolveu se dedicar exclusivamente a elas, se tornando uma autodidata e referência nacional no assunto. 

O interesse pela planta surgiu em 1995, por acaso. Delfina estava em casa vendo TV e assistiu a entrevista de um especialista e se encantou. “Fui picada, mas dessa vez pelas flores”, lembra ela que, junto com o marido, Sérgio Araújo, começou a estudar e se aprofundar no assunto. Hoje eles mantém o www.delfinaraujo.com – considerado o melhor site amador de orquídeas do mundo – e a revista Orchid News, pioneira no assunto.

A fama de Delfina veio com o site, que rendeu até convite para Inhotim.

A fama da especialista ganhou o Brasil e o mundo. Ela lembra que recebeu, uma vez, carta de um soldado que relatava que o seu momento de paz era quando saia do front e acessava o site dela para ver as orquídeas. Um convite importante que Delfina recebeu foi, em 2014, para estar à frente da criação, em Inhotim, de um jardim temático com vandários e walkerianas, uma das espécies mais valorizadas pelos colecionadores, em 2014.

A história de Delfina com o Jardim Botânico teve início em 2015, quando foi convidada para ministrar alguns cursos no parque e foi ficando, acabando por ser tornar curadora do Orquidário. Embora o espaço tenha sido criado no mesmo ano, a coleção data da época de Dom João VI, que era um admirador de espécies exóticas. Por isso, acabou trazendo muitas para cá, como a Renanthera Coccinea, vinda da Ásia e cultivada no arboreto desde 1809. Atualmente, o Jardim das Orquídeas abriga aproximadamente 10.000 plantas.

A curadora, que gosta de passear pelo espaço destacando espécies de várias partes do mundo, está animada com a exposição.  “Este ano vamos tentar uma experiência diferente, mas ainda vai ter espaço para venda, com os  orquidários visitantes Orchid Castle e KS”, – explica Delfina, que em seguida complementa:

– A mostra vai dar oportunidade de conhecer a diversidade dessas plantas, algumas com apenas meio centímetro. Como estamos na Semana da Mata Atlântica, será uma boa oportunidade de fazer uma interseção entre os assuntos, já que muitas orquídeas são típicas desse ecossistema – sugere Delfina.

O Orquidário do Jardim Botânico e as várias espécies de orquídeas

Durante a Mostra será sorteada, diariamente, uma orquídea entre o público participante. As atividades são gratuitas (com cobrança de ingresso para o arboreto), com exceção do curso Orquídeas no Paisagismo, com valor de R$ 30 e inscrição na Associação de Amigos do Jardim Botânico e as inscrições para as visitas, palestras e minicursos poderão ser feitas presencialmente no local. 

ORQUÍDÁRIO 

Rua Jardim Botânico, 1008 – Jardim Botânico