Quem me conhece (e até quem não é tão próximo) sabe que eu sou boa de papo. Quando mais nova, adolescente, meu pai costumava dizer que eu era capaz de conversar até com um poste se ele me desse trela. Não foi à toa que eu segui pelo caminho da comunicação, com muitas prosas pela vida afora. Uma amiga, que é chegada nos astros, diz que é porque, apesar de ser Capricórnio, um signo mais reservado, eu tenho na Casa 3, a da comunicação, três planetas pessoais: o Sol, Mercúrio e Vênus.
Com a pandemia, todo mundo em casa trancado e uma necessidade doida de trocar ideia, surgiram as lives, e de todos os tipos: com amigos, de trabalho e as musicais. O JB em Folhas entrou nesta onda e fez a sua primeira live homenageando os profissionais do Hospital da Lagoa. E ao longo dos anos 2020 e 2021, através destes encontros virtuais, deu pra descobrir curiosidades sobre o bairro que eu não tinha ideia, seguindo aquela máxima de apontar para uma coisa e descobrir outra.
Os convidados do primeiro JB em Folhas e Histórias
E de repente, surgiu JB em Folhas & Histórias, por conta do edital Ações Locais, dentro da Lei Aldir Blanc. A proposta era contar a história do bairro através das memórias dos moradores. E isso é fundamental. eu moro aqui desde 1996 e, neste curto período, acompanhei muitas mudanças, tanto no tipo de comércio como nos hábitos dos moradores e até no perfil dos trabalhadores que circulam por aqui. E gosto sempre de reforçar que a melhor maneira de preservarmos a história é através da nossa memória,
Promovemos três lives, reunindo moradores e personalidades de vários pontos da região, para montarmos um mosaico do Jardim Botânico. Depois, na edição, unimos mais depoimentos e este tempero emocional deu origem aos programas “Do túnel ao parque”, “Do parque ao jardim” e “Horto Real”, que estão no nosso canal do YouTube. E foi uma delícia descobrir tantas histórias entre as memórias de convidados como Maria Oiticica, Xico Chaves, Gustavo Martins, Guido Gelli, Cacá Mourthé, Ana Cristina Vieira, Fernanda Abreu, Pedro Marins e Laura Carneiro. Entre os muitos causos, descobrimos que, por exemplo, Maria Clara Machado atravessava a Lagoa de bicicleta, para começar dar os primeiros passos do seu Teatro O Tablado. Ou que o abraço à Lagoa, na campanha do Gabeira, começou com um chope no Bar Jóia. Ou ainda que foi a Escola Camilo Castelo Branco teve um peso enorme na formação de Fernanda Abreu como artista.
O que era provisório, veio para ficar e o JB em Folhas e Histórias seguiu em frente, com edições presenciais na livraria janela em 2022. Agora o projeto chega no Circuitos das Artes do Jardim Botânico, para abrir oficialmente as comemorações dos 20 anos do jornal. Serão duas edições: dias 19 e 26 de agosto, sábado, às 15h, na Sauer Danças, focando nas histórias do próprio evento, que também está celebrando uma data redonda: 25 anos.
Pedro e Fabiana participam da conversa no Circuito
O time reunido para o primeiro encontro promete boas histórias, afinal Claudio Castilho e Anna Luiza Trancoso são veteranos do Circuito, enquanto Pedro Landim fará uma deliciosa viagem no tempo da gastronomia do bairro de 25 anos atrás. E no segundo encontro, dia 26/8, será a vez do ator Gustavo Falcão junto com Sonia Saraiva e Fabiana Pomposelli apresentarem outras recordações. O evento é um marco na história desse nosso mundinho verde, como gosto de me referir ao JB. Não tem quem não tenha na memória alguma imagem de grupos circulando pelas ruas do bairro, de mapa na mão. Tem gente que acha o bairro parecido com Montmartre, em Paris, outros com o Soho de Nova York, por conta dos seus muitos ateliês. Mas eu acho que o Jardim Botânico é único. E ponto!
E podem se preparar e organizar a agenda porque até o final do ano, teremos outras edições do JB em Folhas e Histórias. E quem tiver alguma lembrança boa, pode me procurar. Afinal, como disse no começo, eu adoro uma prosa.
😉 Muito bom !!!!!!!