Texto e fotos: Chris Martins

Com 70 anos de idade, Luiz Carlos Santos tem fôlego de gato.  Advogado, administrador de empresas e economista, ele acaba de assumir pela quarta vez a Presidência da Associação dos Moradores e Amigos do Humaitá (AMAHU-RJ). Apesar de tantas tarefas, ainda encontra tempo para trabalhar como corretor de seguros, conciliador do 4o Juizado Criminal, no Leblon, e integrar o Conselho Estadual de Segurança. 

Em março, Luiz começou seu quarto mandato, que tem a duração de quatro anos.  “Eu até tentei mudar o estatuto para dois anos, mas não conseguimos.  É muito tempo e desgastante.”, reconhece o advogado, que lembra do primeiro contato com a  Associação. “Eu estava saindo do meu prédio e ouvi uma senhora passando, convocando as pessoas para a reunião, que acontecia no pensionato. Apareci lá, gostei e fui ficando”.

A reunião da AMAHU-RJ acontece na primeira quarta do mês

Logo quando começou, em 2012, o quorum dos encontros ficava entre 4 e 6 moradores.  Ao longo dos anos, ele foi implantando inovações e hoje tem uma média de 45 vizinhos por reunião, que acontece no Instituto Pró-Saber uma vez por mês, na primeira quarta-feira do mês. A próxima será dia 8 de maio, a partir das 19h.  Entre as realizações de Luiz Carlos à frente da AMAHU-RJ estão o aumento da segurança no bairro, o mutirão de limpeza no Largo dos Leões e a instalação de uma unidade do Bairro Presente, dentro da Cobal do Humaitá, junto com uma sala para atender mulheres vítimas de violência doméstica, além da Festa da Primavera, evento que une moradores, que ele pretende retomar este ano. 

– A festa era feita pelos moradores e unia artesanato e gastronomia, nos fundos da Cobal. A última foi em 2019 e chegou a ter um palco para shows. Ano passado tentei, mas tive muitos entraves burocráticos e não consegui.

Morador da região há quase 40 anos, Luiz tem um carinho especial pela Cobal do Humaitá, onde costuma bater ponto na Antiga Mercearia e Bar – para tomar um café com bolo de coco – e o restaurante Joaquina. Não é à toa que sua prioridade é regularizar a situação da Companhia Brasileira de Alimentos, mais conhecida como Cobal, criada em 1962 e que há anos se arrasta em um imbróglio envolvendo os governos federal, estadual e municipal. O terreno pertence ao INCRA, que é subordinado ao Ministério de Agricultura, ao contrário da Cobal do Leblon, que fica em um terreno estadual. 

A Cobal do Humaitá com suas lojas fechadas

– Em 2016 fizemos  um projeto que transformaria o espaço em um corredor cultural, mantendo o hortifruti e revitalizando o local, mas aí veio o Impeachment e tudo ficou parado, depois a pandemia e agora, com Eduardo Paes firmamos um acordo de municipalizar a Cobal, que foi publicado até no Diário Oficial.  Só que até hoje está parado. Isso me deixa muito chateado, principalmente quando vejo estabelecimentos fechando. O último foi o Galetomania, no ano passado – confessa o Presidente da AMAHU-RJ.

Outros projetos que Luiz Carlos quer realizar no bairro é a restauração do canteiro central da rua Humaitá. A ideia é colocar um piso igual ao usado na restauração do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas e florescer o bairro. 

Luiz, na inauguração do espaço Humaitá Presente, na Cobal.

Sobre a questão dos empreendimentos imobiliários que estão povoando o Humaitá e incomodando os vizinhos, Luiz Carlos é enfático: “Este projeto foi aprovado de forma suspeita, o poder público passou longe e ainda tem uma questão muito séria que é saber aonde eles vão furar, pois a rua Humaitá tem um rio passando por baixo, com água limpa. Aqui foi uma região de chácaras, com muitas minas de água. Precisamos ficar atentos”,  ressalta.

Apesar dos problemas existentes, Luiz Carlos gosta do trabalho que desenvolve na Associação, mas sente que o retorno poderia ser maior se os moradores entendessem a importância do trabalho coletivo. 

– A parte mais difícil é conscientizar as pessoas da importância do coletivo. Se cada um ajudasse um pouco, o retorno seria mais produtivo. – conclui.