A primeira semana de maio foi escolhida internacionalmente para conscientização sobre a importância da compostagem em 1995. O tema este ano é a valorização do composto como receita para a regeneração do solo, num processo circular, que transforma a gestão de resíduos para gerar solos saudáveis.
A compostagem é uma opção ecologicamente responsável para a destinação correta dos resíduos orgânicos que produzimos. O bom é que ela pode ser feita individualmente, em casas e apartamentos, com apoio da coleta porta a porta em baldinhos; ou coletivamente, em pontos de compostagem comunitária. A região entre Gávea e Humaitá conta com algumas iniciativas importantes neste sentido.
Passada a pandemia, a unidade Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), situada ao lado do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, está reativando sua área de compostagem. Até março de 2020, a empresa utilizava as folhas caídas na própria instituição, restos do almoço dos funcionários e, sempre que possível, resíduos coletados ao final da feira livre de sexta-feira na praça Santos Dumont, transformando tudo isso em adubo. A retomada das atividades agora deve produzir composto suficiente para utilização nas ações do programa Embrapa & Escola, que atua junto às instituições de ensino e à comunidade, de uma maneira geral, já a partir do segundo semestre.
Acostumada a buscar soluções economicamente viáveis e sustentáveis para uso da terra, recuperação de solos e zoneamento de atividades produtivas em grandes áreas, a Embrapa Solos oferece também informações e orientação para os interessados em montar composteira e horta caseiras. Segundo o pesquisador e engenheiro agrônomo Cláudio Capeche, que coordena a atividade, “a iniciativa é fundamental, uma vez que 50% dos resíduos dos aterros sanitários são orgânicos, e a compostagem – mesmo em pequena escala – pode aliviar a pressão sobre esses aterros”.
A Comlurb também faz a sua parte para fechar o ciclo do lixo orgânico. No ano passado, o Laboratório Vivo de Educação Ambiental e Gerenciamento de Resíduos da empresa lançou um manual com um passo a passo de como montar sua própria composteira em casa. O material está disponível na internet e apresenta técnicas que podem ser adaptadas a todos os contextos socioeconômicos e ambientais. Para quem prefere ver como funciona, o canal da Comlurb no YouTube tem vídeos mostrando cada etapa.
A compostagem é uma indústria emergente, ainda pouco explorada pelos brasileiros, criada para solucionar os problemas com a contaminação do solo, da água e do ar e ao mesmo tempo regenerar o solo com adubo. De acordo com a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), das cerca de 37 milhões de toneladas de lixo orgânico produzido no Brasil, apenas 1% é reaproveitado. Além da Embrapa, duas startups surgiram na região e expandiram sua atuação para outros bairros da Zona Sul, como o Ciclo Orgânico, criado em 2015, e a Casca, de 2019. Ambas funcionam com o sistema de baldinhos e coleta residencial.
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Curiosidades sobre a compostagem
A técnica de compostagem é milenar. Os egípcios tinham hábito de roubar minhocas, levando Cleópatra a criar leis para protegê-las, proibindo a exportação das mesmas sob pena de morte. As civilizações astecas e chinesa usavam as fezes humanas para obter uma terra mais fértil e um ambiente mais limpo. Outros povos antigos usavam sangue para fertilizar seus jardins.
No Reino Unido, no século XIX, ossos de cemitérios e de campos de batalha eram enviados a Yorkshire para serem moídos e usados em plantações. O processo Indore – forma de produção de compostagem que utiliza restos vegetais, animais, água e técnicas de manejo como o reviramento – foi desenvolvido pelo inglês Albert Howard, há quase 100 anos, tornando-o conhecido como o “pai” da compostagem orgânica.
Embrapa Solos: rua Jardim Botânico 1.024
Contato: 2179-4577 / claudio.capeche@embrapa.br
Comlurb: baixe aqui o Manual da Compostagem Doméstica. Vídeos sobre sobre compostagem, a composteira e dicas.
Casca: (21) 99094-0469 / contato@somoscasca.com
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Ciclo Orgânico
Contato: 3435-3475 / 98521-0747 / contato@cicloroganico.com.br
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