Houve um tempo em que a Lagoa Rodrigo de Freitas era bem diferente. Logo no começo da colonização, no século XVI, ela era ocupada por índios Tamoios, que a chamavam de Piraguá (que significa “enseada de peixe”) e depois de Sacopenapã (caminho dos socós). Só muito tempo depois, em 1702, ela passou ao nome que a acompanha até hoje. Até o início dos anos 90, foi um um mero local de passagem, ocupada por favelas e sem espaço para os moradores caminharem no seu entorno. Era um lugar com poucas atrações: tinha o famoso Tobogã perto do Parque da Catacumba – que, reza a lenda, foi desmontado depois que colocaram gilete em suas rampas -, tinha o igualmente conhecido Tivoli Parque – principal parque de diversões da zona sul -, o drive-in da Lagoa e um espaço ao lado que abrigou o Teatro Lagoa, o Gatopardo Pizzaria, a Papagaio Disco Club e o Roxy Roller, ringue de patinação. Dos Tamoios só restou uma singela homenagem, a escultura de um indiozinho, chamado de Curumim pelo criador, o artista plástico Pedro Correia de Araújo (foto), instalada em frente à sede náutica do Vasco da Gama em 1979.

Hoje a história é outra e a Lagoa está totalmente integrada e incorporada aos moradores que residem nos bairros do seu entorno. E vai ficar melhor ainda depois das melhorias que a Prefeitura vem fazendo desde o final do ano passado, que incluem recapeamento da ciclovia, reforma de algumas quadras e pintura dos brinquedos do parquinho. A previsão é de que esteja tudo pronto até o final de fevereiro. Enquanto isso, a turma visita o espaço nos finais de semana. Seus 7,2 km de extensão são sede de competições de regata, uma ótima opção para andar de bicicleta, correr, caminhar e fazer exercícios físicos e passeios ao ar livre. E quem não quiser fazer esforço, é só esticar uma canga na beira da lagoa, admirar a vista, e organizar um piquenique.

Jan Ferreira e Semírames Perazzo não abrem mão de curtir o pôr do sol no parque do Corte do Cantagalo, no final de semana. Acompanhados dos filhos Lucas de 12 anos e Sara de 21, além do cão, eles levam cadeiras, coolers e beliscos.. “Sempre que tem um tempo a gente costuma vir com a família toda. É nosso programa de sábado, os meninos gostam de andar de skate e jogar futebol.” – conta a mãe, que é dona de um centro de treinamento de vôlei de praia, em Copacabana, enquanto o marido é geriatra. 

Quem já está aproveitando a reforma promovida pela Prefeitura é a Associação de fomento ao futebol feminino, que treina às terças, quintas e sábados, às 7h no campo patrocinado pela Unimed. Quem quiser participar, é só chegar. Ou melhor, é só entrar no aplicativo Mude, plataforma fitness de bem estar, e se inscrever gratuitamente. “Era um projeto com data para acabar depois da Copa, mas fez sucesso e foi renovado até março”, diz Thayana Berti, moradora da Gávea.

Vivian e seu Arab agora vão para outro lado da Lagoa

Vivian Arab, fundadora do restaurante mais antigo e conhecido na área dos Parque dos Patins, lembra que quando teve a ideia de abrir um quiosque na Lagoa foi criticada por familiares próximos. “Fui uma das primeiras a participar do processo de ocupação da Lagoa, pela Prefeitura, em 1998, com mais nove quiosques. Meus parentes ficaram preocupados, disseram que eu seria assaltada, que era deserto, mas eu encarei o desafio. Não tinha água, era banheiro químico, tudo era difícil. Era apenas um quadrado”, reco rda a comerciante que agora, 25 anos depois, prepara-se para encarar um novo ciclo, desta vez no outro lado da Lagoa. Ela acaba de participar de uma nova licitação da Prefeitura, com envelope fechado, para os quiosques da região e perdeu o ponto atual e vai se transferir para o quiosque onde funcionou o Palafitas, na Catacumba. “Aqui antiguidade não é posto. É uma pena realmente, porque eu só tenho boas lembranças deste lugar. Mas do outro lado vamos poder contar com o administrador local, já que aqui deste lado não tem ninguém no comando desde 2006”, avalia Vivian que deve se mudar no começo de abril.

Enquanto Vivian se despede do Parque dos Patins, a Rio Parking, responsável pelo estacionamento da área, se prepara para assumir o espaço do Arab e mais dois quiosques. Ainda não se sabe qual o tipo de comércio que vai substituir a culinária oriental que tanto fez sucesso no local.

No quesito ginástica, não faltam opções. Desde a turma que faz exercício sozinha, aos que preferem acompanhamento de um instrutor. Este é um ponto importante para o professor de educação física, integrante do Conselho Regional de Educação Física, Carlos Alberto Barros, que reforça a importância das atividades terem acompanhamento de um profissional. “Hoje o exercício é prioridade máxima, sendo prescrito por muitos médicos no lugar de medicação. É importante a gente orientar e incentivar o aluno a fazer a atividade de forma correta”, explica o instrutor que montou o seu quiosque “Vida Saudável”, na Lagoa entre o Monte Líbano e o Flamengo e atende diariamente seus alunos, que vão de 8 a 80 anos. “Aqui o ambiente é democrático”, afirma ele que desenvolve atividades diferentes, de acordo com a necessidade de cada um. Para ele, “o importante é ter conhecimento de que a prática de exercícios traz muitos benefícios, como a melhora da qualidade de vida, o controle da hipertensão arterial, melhora no transtorno neurológico (demência) e é bom para prevenção e recuperação de lesões”.

A tenda Vida Saudável  bate ponto na Lagoa diariamente.

As atividades na Lagoa não se resumem ao entorno e seguem pela via lacustre, sempre oferecendo uma experiência única. Os remadores dos clubes do entorno já estão acostumados, mas o visual sempre surpreende a turma da canoa havaiana do Vasco que treina de segunda a sexta. A atleta de Vintheri França Siqueira – Campeã panamericana no Chile em 2019 – está no clube desde 2022, e no começo deste ano assumiu os treinos diários, com a saída do professor Bruno. Atendendo ao pedido de alunos, o clube está estudando promover passeios de canoa no final de semana. “Durante o treino nós fazemos uma parada para descansar e cada dia é uma descoberta, seja de um pássaro, como o biguá, que tem olho azul – ou de algum novo canto da Lagoa que a gente não conhecia”, completa Vintheri.

Arab – O carro chefe do restaurante é o clássico arroz com lentilha, a kafta de picanha e o cordeiro, além do cuscuz. Nos finais de semana os visitantes podem curtir uma música ao vivo, comm MPB às sextas e sábados; e rodas de samba e chorinho aos domingos, às 17h

Av. Borges de Medeiros, s/n
Horário: segunda e terça das 12h às 20h30
De quarta a domingo das 10h às 23h
Tel: (21) 2540-0747

Canoa Havaiana
Sede Náutica do Vasco: Rua General Tasso Fragoso, 65, Lagoa – 
De segunda a sexta, turmas às 6h, 7h, 8h. – duração: 60 minutos
Aula experimental: R$50
Contato: 99986-1703

Vida saudável – aulas de fitness.  
De segunda a sexta, das 6h às 11h. 
Carlos Alberto Barros – 99405-5993 | 2275-7843

Baixo Bebê – Localizado na praça José Mariano Filho, perto do viaduto do túnel Rebouças, o quiosque é administrado pelo cearense Albany e tem como carro chefe água de coco e brinquedos para os pequenos de até três anos. 

Av. Epitácio Pessoa, próximo à Igreja Santa Margarida Maria
Horário: 8h às 20h. 

Pedalinho da Lagoa – Não dá para pensar na Lagoa, sem pensar em pedalinho.Há 80 anos eles fazem sucesso, dos dois lados da Lagoa, no Parque dos Patins e no Parque Corte Cantagalo. O passeio tem duração de 30 minutos e no final de semana tem fila. Mas as crianças amam!
Parque dos Patins – Av. Borges de Medeiros, 1994
Horário: Apenas nos finais de semana e feriados das 9h às 17h30
Parque do Corte Cantagalo – Av. Epitácio Pessoa, 2860
Horário: De segunda a domingo das 9h às 17h30