Já tem tempo que o Jockey está na berlinda aqui na região e o assunto é um só: o barulho que o clube faz ao permitir shows e eventos que incomodam os vizinhos e este transtorno não se limita apenas aos moradores da Gávea – que são mais prejudicados, sem dúvida, por conta também do trânsito e do público circulando pelas ruas. Como o Jockey é um descampado, o som chega até o Horto, como relatam alguns moradores que residem na Pacheco Leão.
Mas voltando ao nosso quarteirão, vamos aos fatos: é difícil agradar todos os lados desta questão Jockey Clube x moradores. Cada um tem seu ponto de vista e uma certa razão. Tombado pela Prefeitura em 2011, na primeira gestão de Eduardo Paes, como área de proteção ambiental e cultural, o clube busca alternativas para manter seus 640 mil metros quadrados e encontrou um caminho através da locação do seu espaço para eventos. Do outro estão moradores que compraram seus imóveis e gostariam de contar com um pouco de silêncio dentro de casa e são obrigados a conviver com o barulho que começa na parte da tarde, com passagem de som e muitas vezes varam a madrugada com uma seleção de repertório não desejada. Mas é importante também que se entenda que a cidade cresceu, tem demandas e barulhos ao longo do dia e isso faz parte da vida em uma cidade grande. Já depois das 22h, quando a história é outra e o silêncio merece ser respeitado.
Os Titãs ocuparam o novo espaço por três dias (Foto: Chris Martins)
O ideal seria buscar uma alternativa que atenda os dois lados. Tudo não teremos, isso é uma realidade, então vale brincar um pouco de Polyana e tentar olhar com boa vontade para pequenas inciativas, como o Arena Jockey vem fazendo. Em primeiro lugar, baixar o som e organizar os espetáculos em um horário que respeite a lei do silêncio. Simon Fuller – empresário de Marisa Monte, inglês de nascimento, mas carioca de coração, desde que veio morar no Rio, ainda garoto, em 1979 -, trouxe a ideia na bagagem de anos trabalhando no meio fonográfico, especialmente no exterior, onde os shows começam e terminam cedo. Uma questão de costume que poderia ser muito bem incorporado aos costumes do nosso balneário. A noite pode ser longa para quem quiser, mas não precisa incomodar a vizinhança. Ponto para o Arena Jockey que está com uma programação maravilhosa, onde até Roberto Carlos já deu o ar da graça. Até o final temos mais 10 shows pela frente, entre eles Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Ritchie, Marisa Monte – também moradora da Gávea e Maria Bethânia.
Eu que venho acompanhando este imbróglio de longe, e já assisti diferentes eventos no clube, fiquei (bem) impressionada com a estrutura e atendimento do Arena Jockey, quando fui ver Titãs, dia 20 de novembro, uma segunda-feira. O show começou antes das 20h e acabou às 22h. Lá dentro, tudo muito organizado, inclusive banheiros limpos e arrumados – o que faz uma enooooorrrmmmee diferença, além da tenda enorme e refrigerada – que me lembrou os shows do Tim Festival, na Marina da Glória. Quando o show acabou, teve o tumulto normal do lado de fora, quando tem muita gente saindo ao mesmo tempo., mas não dava para ouvir nada, nem mesmo a DJ que ficou entretendo o público. Na verdade, o que faltou à organização foi da Prefeitura, que poderia ter armado um esquema melhor de segurança e transporte público. Como o espaço é de fácil acesso, seria ótimo voltar para casa, no JB, andando ou mesmo pegar um ônibus. Mas faltou policiamento ao longo do muro do clube, na rua Jardim Botânico e ônibus, que passavam de meia em meia hora.
Esquema de ônibus na saída dos shows deixou a desejar
Uma boa solução, a meu ver, seria criar contrapartidas. Qualquer evento grande deveria promover alguma ação de melhoria no bairro onde está sendo realizado. Seja pintar os bancos da praça, pintar o muro de alguma escola municipal. O que não vai faltar é sugestão e as Associações de Moradores da área podem ajudar. Isso já aconteceu em alguma gestão antiga, mas ao que parece, quando muda o alcaide local, tudo vai para o lixo, inclusive as boas iniciativas.
Me custa entender porque o JCB é blindado neste sentido. Nem o papel de cidadão ele cumpre. Já faz tempo que o JB em Folhas registra o péssimo estado da calçada do clube – cheia de buracos e mal iluminada -, na rua Jardim Botânico. Além disso, como explicou o Secretário de Conservação, Marco Aurélio de Oliveira, em entrevista para o site, “é obrigação do morador e ou estabelecimento, manter a calçada em ordem”. Então, por que até agora, o clube não tomou uma providência? Ou melhor, por que a Prefeitura, e o Subprefeito Flávio Valle – que passa sempre por ali – nunca cobrou isso? E vamos combinar que dinheiro não está faltando ali, diante da agenda cheia de grandes espetáculos. Vale reforçar aqui que eu adoro o Jockey e já fiz matérias sobre o espaço, além de ser fã de fazer bons programas perto de casa.
Como já escrevi, tudo é uma questão de sentar, conversar e equacionar as diferenças, sabendo que tudo não teremos.
Te convido a vir em dia de arena Jockey na minha casa, que é na Manuel Ferreira pra vc ver que o som não é nada baixo, pelo contrário. Nos impede de ver tv. Temos mtos vídeos que mostram isso, não há respeito. Independente da hr, lá shows estão cada dia mais frequentes e existe uma lei de acústica que não está sendo respeitada. Se querem fazer uma casa de show, maravilha, mas façam dentro da lei, com tratamento acústico de verdade!
Parabéns pela matéria que alem de informar vem seguida de sugestões para melhoria das ações. Gostei👏🏽👏🏽👏🏽
Esse problema de incomodar os moradores vizinhos do Jockey não é de hoje. Já tentamos todo tipo de conversa com o presidente atual, com o anterior, com a diretoria sem nenhum resultado. São quase 10 anos que tentamos de tudo e o desrespeito só cresce, a falta de empatia é enorme. Quem não mora próximo não tem noção do problema, que acontece de quinta a domingo, iniciando com passagem de som pela manhã e terminando 4/5h da madrugada com os eventos dos inquilinos. Ninguém tem paz e sossego, não pode estudar, trabalhar, ler um livro e o que é fundamental para a saúde – DORMIR. A sua matéria deveria ter ouvido os vizinhos, dentre os quais muitos estão com problemas de saúde por causa desse barulho constante, além do tom grave que enlouquece qualquer pessoa. Não é apenas um evento, são diversos e pintura em muro e banco de praça não resolverá o transtorno causado por tantos shows, DJs, rodas de samba, festas, raves, etc, etc, etc, sem tratamento acústico adequado para um espaço no meio de uma área residencial. Ninguém é contra eventos, com tanto que tenham tratamento acústico adequado e não acabem com o sossego de inúmeras famílias. O prazer de uns não pode ser o tormento de muitos.
Texto claro e explicativo. Concordo plenamente. 👏🏼👏🏼👏🏼
Gostei muito do texto. Explicativo e elegante. Concordo plenamente.