30 de novembro de 2023
PRECISAMOS FALAR SOBRE O JOCKEY

Já tem tempo que o Jockey está na berlinda aqui na região e o assunto é um só:  o barulho que o clube faz ao permitir shows e eventos que incomodam os vizinhos e este transtorno não se limita apenas aos moradores da Gávea – que são mais prejudicados, sem dúvida, por conta também do trânsito e do público circulando pelas ruas. Como o Jockey é um descampado, o som chega até o Horto, como relatam alguns moradores que residem na Pacheco Leão.

Mas voltando ao nosso quarteirão, vamos aos fatos:  é difícil agradar todos os lados desta questão Jockey Clube x moradores.  Cada um tem seu ponto de vista e uma certa razão. Tombado pela Prefeitura em 2011, na primeira gestão de Eduardo Paes, como área de proteção ambiental e cultural, o clube busca alternativas para manter seus 640 mil metros quadrados e encontrou um caminho através da locação do seu espaço para eventos.  Do outro estão moradores que compraram seus imóveis e gostariam de contar com um pouco de silêncio dentro de casa e são obrigados a conviver com o barulho que começa na parte da tarde, com passagem de som e muitas vezes varam a madrugada com uma seleção de repertório não desejada.  Mas é importante também que se entenda que a cidade cresceu, tem demandas e barulhos ao longo do dia e isso faz parte da vida em uma cidade grande. Já depois das 22h, quando a história é outra e o silêncio merece ser respeitado. 

Os Titãs ocuparam o novo espaço por três dias (Foto: Chris Martins)

O ideal seria buscar uma alternativa que atenda os dois lados. Tudo não teremos, isso é uma realidade, então vale brincar um pouco de Polyana e tentar olhar com boa vontade para pequenas inciativas, como o Arena Jockey vem fazendo. Em primeiro lugar, baixar o som e organizar os espetáculos em um horário que respeite a lei do silêncio.  Simon Fuller – empresário de Marisa Monte, inglês de nascimento, mas carioca de coração, desde que veio morar no Rio, ainda garoto, em 1979 -, trouxe a ideia na bagagem de anos trabalhando no meio fonográfico, especialmente no exterior, onde os shows começam e terminam cedo. Uma questão de costume que poderia ser muito bem incorporado aos costumes do nosso balneário. A noite pode ser longa para quem quiser, mas não precisa incomodar a vizinhança. Ponto para o Arena Jockey que está com uma programação maravilhosa, onde até Roberto Carlos já deu o ar da graça.  Até o final temos mais 10 shows pela frente, entre eles Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Ritchie, Marisa Monte – também moradora da Gávea e Maria Bethânia.

Eu que venho acompanhando este imbróglio de longe, e já assisti diferentes eventos no clube, fiquei (bem) impressionada com a estrutura e atendimento do Arena Jockey, quando fui ver Titãs, dia 20 de novembro, uma segunda-feira. O show começou antes das 20h e acabou às 22h. Lá dentro, tudo muito organizado, inclusive banheiros limpos e arrumados – o que faz uma enooooorrrmmmee diferença, além da tenda enorme e refrigerada – que me lembrou os shows do Tim Festival, na Marina da Glória. Quando o show acabou, teve o tumulto normal do lado de fora, quando tem muita gente saindo ao mesmo tempo., mas não dava para ouvir nada, nem mesmo a DJ que ficou entretendo o público. Na verdade, o que faltou à organização foi da Prefeitura, que poderia ter armado um esquema melhor de segurança e transporte público. Como o espaço é de fácil acesso, seria ótimo voltar para casa, no JB, andando ou mesmo pegar um ônibus. Mas faltou policiamento ao longo do muro do clube, na rua Jardim Botânico e ônibus, que passavam de meia em meia hora.

Esquema de ônibus na saída dos shows deixou a desejar

Uma boa solução, a meu ver, seria criar contrapartidas. Qualquer evento grande deveria promover alguma ação de melhoria no bairro onde está sendo realizado.  Seja pintar os bancos da praça, pintar o muro de alguma escola municipal.  O que não vai faltar é sugestão e as Associações de Moradores da área podem ajudar.  Isso já aconteceu em alguma gestão antiga, mas ao que parece, quando muda o alcaide local, tudo vai para o lixo, inclusive as boas iniciativas.

Me custa entender porque o JCB é blindado neste sentido.  Nem o papel de cidadão ele cumpre. Já faz tempo que o JB em Folhas registra o péssimo estado da calçada do clube – cheia de buracos e mal iluminada -, na rua Jardim Botânico. Além disso, como explicou o Secretário de Conservação, Marco Aurélio de Oliveira, em entrevista para o site, “é obrigação do morador e ou estabelecimento, manter a calçada em ordem”.  Então, por que até agora, o clube não tomou uma providência? Ou melhor, por que a Prefeitura, e o Subprefeito Flávio Valle – que passa sempre por ali – nunca cobrou isso? E vamos combinar que dinheiro não está faltando ali, diante da agenda cheia de grandes espetáculos.  Vale reforçar aqui que eu adoro o Jockey e já fiz matérias sobre o espaço, além de ser fã de fazer bons programas perto de casa.  

Como já escrevi, tudo é uma questão de sentar, conversar e equacionar as diferenças, sabendo que tudo não teremos. 

 

5 Comentários

  1. Leticia

    Te convido a vir em dia de arena Jockey na minha casa, que é na Manuel Ferreira pra vc ver que o som não é nada baixo, pelo contrário. Nos impede de ver tv. Temos mtos vídeos que mostram isso, não há respeito. Independente da hr, lá shows estão cada dia mais frequentes e existe uma lei de acústica que não está sendo respeitada. Se querem fazer uma casa de show, maravilha, mas façam dentro da lei, com tratamento acústico de verdade!

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  2. Maria Dias Wery

    Parabéns pela matéria que alem de informar vem seguida de sugestões para melhoria das ações. Gostei👏🏽👏🏽👏🏽

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  3. Cristina Rebelo

    Esse problema de incomodar os moradores vizinhos do Jockey não é de hoje. Já tentamos todo tipo de conversa com o presidente atual, com o anterior, com a diretoria sem nenhum resultado. São quase 10 anos que tentamos de tudo e o desrespeito só cresce, a falta de empatia é enorme. Quem não mora próximo não tem noção do problema, que acontece de quinta a domingo, iniciando com passagem de som pela manhã e terminando 4/5h da madrugada com os eventos dos inquilinos. Ninguém tem paz e sossego, não pode estudar, trabalhar, ler um livro e o que é fundamental para a saúde – DORMIR. A sua matéria deveria ter ouvido os vizinhos, dentre os quais muitos estão com problemas de saúde por causa desse barulho constante, além do tom grave que enlouquece qualquer pessoa. Não é apenas um evento, são diversos e pintura em muro e banco de praça não resolverá o transtorno causado por tantos shows, DJs, rodas de samba, festas, raves, etc, etc, etc, sem tratamento acústico adequado para um espaço no meio de uma área residencial. Ninguém é contra eventos, com tanto que tenham tratamento acústico adequado e não acabem com o sossego de inúmeras famílias. O prazer de uns não pode ser o tormento de muitos.

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  4. Lina Celia Tenorio

    Texto claro e explicativo. Concordo plenamente. 👏🏼👏🏼👏🏼

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  5. Lina Celia Tenorio

    Gostei muito do texto. Explicativo e elegante. Concordo plenamente.

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