26 de maio de 2022
QUEM DANÇA NA CARLOTA PORTELLA É MAIS FELIZ

O Jazz Carlota Portella está festejando 40 anos de atividade. A escola de dança foi criada pela coreógrafa em 1982 e segue funcionando no mesmo endereço: a casa de número 119, da rua Jardim Botânico, que no início deste ano ganhou um graffiti especial em sua fachada, feito por Marcelo Ment. Quem olha de frente não imagina a profundidade do terreno. Antes da JCP, a casa abrigava um laboratório e era dividida em pequenas salas:

– Derrubei tudo, fiquei só com as paredes externas da casa para fazer duas salas grandes de dança. Ao todo, hoje são quatro salas, duas menores e duas grandes, com 90m2 – explica.

A escola foi aberta um ano depois da fundação da companhia de dança Vacilou Dançou. Carlota Portella conta que escolheu o endereço porque, diferentemente de outros bairros da Zona Sul, o Jardim Botânico não tinha nenhum estabelecimento desse tipo: “O local era central e meio de caminho para muita gente. No começo, o trânsito não afetava e dava até para ir almoçar em casa, o que agora é inviável”, observa a coreógrafa, que continua morando na Gávea, mas tem passado temporadas cada vez maiores em sua casa em Teresópolis, para fugir do que chama de “tráfego do cão”.

No começo, a companhia tinha poucos professores, só Carlota e seus dois sócios na época. Ela estima que tenha levado de cinco a seis anos para se estabelecer no mercado e aumentar gradualmente seu espaço. A companhia batizada com o nome de seu primeiro espetáculo viajou o Brasil e o mundo, mas seguiu usando as salas da escola, em seus horários livres, para ensaio até 2006, quando encerrou suas atividades.

As apresentações de final de ano do Jazz Carlota Portella.

Da casa da rua Jardim Botânico, saíram grandes bailarinos, coreógrafos e professores, mas também atrizes, como Claudia Mauro, uma das primeiras alunas, que, aos 14 anos, vinha do Leblon para as aulas com sua “mestra querida”:

– Foi no Jazz Carlota Portella que aprendi a dançar pra valer. Tenho muitos amigos, histórias e lembranças daquela época incrível. Nos anos 1980, tinha aula com bateria, era o máximo! Amo a Carlota, passei ali uma parte inesquecível da minha vida, com ela – afirma Claudia, que acaba de retomar as aulas na JCP.

A atriz e dramaturga está animada com essa volta e o reencontro de antigas amigas, entre as quais está Thereza Mascotte, sócia de Carlota. O grupo de “bailarinas-master” começou a ensaiar uma coreografia nova e outras antigas para uma apresentação em comemoração a esses 40 anos do Jazz Carlota Portella: “É emocionante, a dança tá na alma da gente. Estou muito feliz com esse encontro de amizade a partir da dança”.

O grupo de “bailarinas-master”, com Thereza Mascotte e Claudia Mauro à frente.

Outro nome conhecido que passou pela JCP é o da jornalista e apresentadora Fátima Bernardes, que chegou a participar, ao lado de sua filha Laura, dos espetáculos que marcam o final de ano da escola. Além delas, o Projeto Dançar, criado em 2006, abre três turmas por ano para cerca de 100 alunos de escolas públicas da região. Muitos desses bailarinos seguem se dedicando à dança. O maior exemplo para eles é Alexandre Magno, que nasceu e cresceu em Vila Kennedy, na Baixada Fluminense. Magno ganhou uma bolsa estudos da escola, integrou a companhia Vacilou Dançou e acabou se mudando para os Estados Unidos, onde chegou a dançar com astros internacionais, como Gloria Stephan, Cher e Michael Jackson.

Carlota estima que, em todos esses anos, mais de 10 mil pessoas fizeram aula na JCP. Atualmente, a escola oferece aulas de balé clássico, jazz, street dance, sapateado, circo e alongamento, com turmas de crianças (a partir de três anos), adolescentes e adultos de diversos níveis. Além da sede no Jardim Botânico, as aulas acontecem também na Barra, graças a uma parceria com a BodyTech, dentro do condomínio Península. O novo espaço demonstra a tentativa de atender alunos da Zona Oeste.

Carlota no “Domingão do Faustão”.

– Antigamente, tínhamos muitos alunos de outros bairros. Por causa do trânsito, a maior parte agora mora no JB e na Lagoa. Em geral, as crianças começam as aulas porque as mães querem que faça. Conforme vão crescendo, passa a ser uma escolha própria. Aos 18 anos, ao entrar na faculdade, só ficam mesmo aqueles que gostam muito – avalia a coreógrafa, que considera que a pandemia prejudicou bastante as escolas de dança, independentemente da localização.

Os eventos em comemoração aos 40 anos da JCP, como a pintura da fachada da casa e o flash mob (grupo de pessoas que se reúne repentinamente em ambiente público para uma apresentação por um curto período de tempo, dispersando em seguida) que aconteceu na Vieira Souto, no dia 22 de maio, estão sendo organizadas por Thereza: “Foi muito natural, as pessoas começaram a olhar desconfiadas e depois curtiram muito. Tanto que, depois, tivemos que repetir, porque muita gente queria participar”. A ação foi bem-sucedida e Thereza tem recebido convites para levar o flash mob para vários lugares. Até a Prefeitura – que autorizou o evento – está interessada numa parceria. A diretora avisa que, ao longo deste ano, outras ações serão programadas para celebrar a data.

Thereza com o muro graffitado / a fachada anterior / Marcelo Ment em ação / flash mob em Ipanema / os porteiros Nilton Lessa e Sérgio Santos.

Para os próximos anos, Carlota espera que o movimento volte ao que era antes. Ela reconhece que, para isso, precisa focar mais em quem mora no entorno da JCP e não precisa fazer grandes deslocamentos. A premiada coreógrafa, que foi jurada do quadro “Dança dos Famosos”, no Domingão do Faustão, costuma dizer que “quem dança é mais feliz”:

– Dançar faz bem para o espírito, mexe com o interior das pessoas, com as emoções, além de trabalhar a parte física. Essa é a grande diferença em relação à ginástica. A dança tem valor emocional, tem sentimento. Se tem uma coisa que a gente pode é tocar no coração e na alma das pessoas e fazer com que elas se emocionem – conclui.

Jazz Carlota Portella
Rua Jardim Botânico 119
What’sApp: 99911-0221

*Por Betina Dowsley

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