No dia 8 de maio, Rita Lee partiu. Lutou o quanto pôde contra um câncer de pulmão, mas não resistiu. São coisas da vida. Foi dar um alô, alô para o marciano, deixando aqui na terra um legado como a Miss Brasil do rock, além de ter um caso sério com a MPB. Ela sai de cena, mas deixa um último trabalho: “Outra Autobiografia”, que chega às livrarias no próximo dia 22/5, no dia de Santa Rita de Cássia, como ela havia pedido.
Com 192 páginas, o livro foi escrito durante a pandemia e após a cantora ter sido diagnosticada com câncer no pulmão. Com um texto franco, ora cru e chocante, ora cheio de ironias, ora sutil e amoroso, a autora não poupa detalhes de seu tratamento, mas abre espaço para falar da rotina, dos avisos do Universo, de seres de luz e dos caminhos que a vida tomou. A obra é “O último ato”, como ela mesma declarou, quando entregou o livro pronto à editora.
“Outra Autobiografia” é o complemento de “Uma autobiografia”, lançado em 2016, quando Rita Lee se despediu dos palcos. Ao anunciar a novidade, a cantora comentou, com seu humor característico: “Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”.
Muito antes das biografias, Rita Lee já havia se aventurado pelo mundo das letras. Ainda nos anos 1980, quando estava no auge da carreira – com o lançamento do álbum Rita Lee, que trazia, entre outros hits, “Lança Perfume” -, a rainha do rock fez sua estreia como escritora com “Dr. Alex”, um livro infantil que retrata a vida de um ativista alemão que se transforma em rato para defender o meio ambiente. O primeiro saiu em 1986 e seguiu carreira de sucesso, com “Dr. Alex na Amazônia”, “Dr. Alex e os Reis de Angra”. Foi a forma que a artista encontrou para falar de outra paixão que era a natureza e os animais. E nessa linha ela ainda escreveu “Amiga Ursa” (2019), que foca, de forma ludica, em temas sérios, como tráfico e maus tratos de animais.
Fazem parte da bibliografia de Rita Lee as obras “Rita Lírica” (1996), com 123 músicas compostas por ela, acompanhadas de imagens icônicas; “Storynhas” (2013), que apresenta histórias contadas através do Twitter e tem ilustrações de Laerte Coutinho. Já “Dropz” (2017), reúne contos e ilustrações da própria autora, enquanto “FavoRita” (2018) foi lançado para comemorar seus 70 anos e traz devaneios e relatos selecionados por ela.
Cantora, compositora, escritora, atriz – com passagens pelo cinema e pela TV, Rita Lee dominou a cultura brasileira e onde aparecia, brilhava e encantava a todos. E com certeza, fez muita gente feliz. Gente que sempre vai estar pronta para ouvir e ler suas histórias. Ao contrário da outra Rita da MPB, Rita Lee partiu, mas nos deixou com um sorriso no rosto. De saudade.
UMA OUTRA AUTOBIOGRAFIA: RITA LEE
Lançamento: 22 de maio
Editora Globo Livros
Páginas: 192
Valor: em torno de R$65
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