24 de novembro de 2022
FÉ, SUSTENTABILIDADE E CIDADANIA NA SÃO JOSÉ

Quem passa pela Igreja São José, na Lagoa, não imagina que aquele exemplo de paróquia moderna – a primeira a ter vidros ray-ban no mundo – tenha sua história ligada ao século XIX. O projeto arquitetônico tem quase 60 anos e a Igreja segue inovando, investindo, principalmente, em soluções sustentáveis, seguindo orientação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e adotados pelo Papa Francisco.

Tudo começou com uma pequena capela, criada para atender aos funcionários da fábrica de tecidos Corcovado e operários de outros estabelecimentos industriais instalados no bairro.  A capela funcionou até julho de 1944, quando foi fundada a igreja de São José, na rua Jardim Botânico, colada ao Hospital da Lagoa, onde hoje fica o Colégio Estadual Ignácio Azevedo do Amaral. Moradora antiga da região, a comerciante Betty Borges fez aula de catecismo no local com o Padre Pinto e guarda alguns detalhes na memória: “Era bem pequena e seu altar, todo de madeira, é o mesmo que está agora na moderna igreja de São José da Lagoa”.

A igreja iluminada de rosa, em homenagem ao Outubro Rosa, em 2016. (foto de Chris Martins)

A paróquia cresceu e, com o aumento da população local, mais uma vez houve necessidade de ampliar suas instalações. Assim, em 24 de abril de 1964, foi inaugurada a Igreja de São José na Lagoa. O projeto modernista, em formato oval e todo envidraçado, é do arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca, o mesmo que projetou a Catedal Metropolitana – na Avenida Chile, no Centro do Rio – e o campus da PUC, na Gávea, com seus famosos pilotis.

Desde 2015, a paróquia está sob a direção do Padre Omar, que é também reitor do Santuário do Cristo Redentor e diretor da Obra Social O Sol. Com ele, as missas passaram a ficar muito mais cheias e animadas. Logo que assumiu, criou a Pastoral do Desenvolvimento Sustentável e, com ela, várias campanhas, como a coleta de óleo de cozinha, de pilhas e baterias para reaproveitamento e descarte consciente. Na infraestrutura, empreendeu melhorias como: instalação de novo sistema de climatização e de paineis solares, cisterna para captação e reaproveitamento de água da chuva, impermeabilização do telhado, construção de salas para catequese, novas cozinha e secretaria, atualmente informatizada. Em 2018, foi inaugurado o Memorial da Ressurreição (ossuário e cinzário), dedicado à oração, com espaço reservado para os restos mortais de 300 fiéis, incluindo os do saudoso Padre Lúcio, que esteve à frente da igreja por 47 anos.

Graças à capacidade de mobilização do Padre Omar, a paróquia passou a promover diversas ações sociais permanentes e temporárias, como cursos e atividades culturais para refugiados, público LGBTQA+ e mulheres, visando à inserção social e o empoderamento feminino, além do projeto Ruah, que voltou a distribuir comida para pessoas em situação de rua aos domingos.  A partir de 2018, a igreja serviu de base para o projeto Rodando com Tampinhas para compra de cadeiras de rodas da ABBR. Durante a pandemia, o espaço foi transformado em ponto de arrecadação e triagem de doações para a população atingida pelas chuvas na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, em fevereiro de 2022.

A área externa da igreja também passa por transformações. Em 2018, recebeu uma réplica do Cristo Redentor, projeto do Santuário Cristo Redentor do Corcovado, que presenteou igrejas e santuários do Brasil e do mundo com uma estátua itinerante. Depois disso, a praça ao redor da igreja recebeu bancos feitos a partir das tampinhas plásticas coletadas e, desde dezembro de 2021, o canteiro principal da praça ganhou um relógio de flores, inspirado em projeto semelhante em Genebra, na Suíça.

Fotos Chris Martins e Betina Dowsley.

Igreja de São José
Av Borges de Medeiros, 2735 – Lagoa

*Por Betina Dowsley

0 comentários

Trackbacks/Pingbacks

  1. AS MISSAS DE NATAL DA SÃO JOSÉ – JB em Folhas - […] em 1964, a Igreja São José é uma referência na região e abriga a  Pastoral do Desenvolvimento Sustentável. Em…

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados