21 de abril de 2022
SABOR E PRATICIDADE DAS COMIDAS DE RUA

Com previsão de dias lindos e mais frescos, o feriadão é um convite para ir para rua. Com o carnaval fora de época na agenda, a pedida é aproveitar cada minuto fora de casa e experimentar as diversas opções de comida de rua que a região oferece. Tem de tudo um pouco, do clássico cachorro quente a galeto e acarajé.

A iguaria baiana conta com vários pontos na região e, há sete meses, ganhou destaque no Parque da Cidade. Lá, aos domingos, é armado o tabuleiro do Acarajé da Cátia, preferido do público que visita o Museu Histórico da Cidade e comparece aos shows de Pedro Miranda. A ideia foi de Alexandre Araújo, gerente do Museu Histórico da Cidade, que aceitou a sugestão de Rosa Perdigão (a Baiana do Acarajé que faz parte do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural) de incluir o petisco na reabertura do MHC no ano passado: “Hoje, aos domingos, temos o acarajé mais saboroso no museu mais charmoso da cidade”, afirma.

Teresa Cátia de Jesus aprendeu como preparar o quitute com um primo, há 16 anos: “Eu era diarista, quando fiquei desempregada comecei a trabalhar com acarajé”, relembra ela, que aceita encomendas e, na pandemia, aderiu ao iFood. Cátia conta com a ajuda da filha Taynara (foto acima) no preparo dos bolinhos, cocadas e pés de moleque. Ela ficou surpresa com a receptividade do público:

– Eu comecei a trabalhar no Parque um pouco antes do Pedro Miranda, mas, nos primeiros dias, o museu não enchia tanto quanto agora. Hoje, é certo encher todos os domingos, porque, além dos visitantes, tem o público que acompanha o cantor. A experiência tem sido muito boa. Não tenho ideia de quantos acarajés vendemos, porque vou fazendo na hora e não sobra um para contar história. Mas a experiência é maravilhosa, e ainda tem a música… – atesta Taynara.

Moradora da Gávea há 60 anos, Marlí Braga é uma das fãs da baiana. Ela bate ponto todo domingo na barraca de Cátia e ainda leva a família: “Até minha neta, que é vegana, não resiste e, quando vem me visitar, quer comer o acarajé!”, afirma a senhora. Outra dica de Dona Marlí é o Caldos do Zé. Ela diz que quando seu neto de 6 anos não vai visitá-la, sua nora encomenda a feijoada para ele comer durante a semana.

O negócio é de José Antonio dos Santos, o Zé, que é formado em gastronomia e trabalha no ramo há cerca de 12 anos. Apesar do tempo de carreira, só em julho do ano passado abriu o Caldos do Zé, graças a reflexões sobre acessibilidade à comida de qualidade durante a pandemia. O desejo do chef é “fazer uma gastronomia acessível, juntando boa comida com um bom preço”. O Caldos funciona em uma lojinha no Parque da Cidade, e seu cardápio conta com caldos, comidinhas e sanduíches; mas, no domingo, o menu especial é feijoada, tradicional ou vegetariana.

Tem frente ao Zé, fica o Marcílio Frango na Brasa. Cícero Marcílio Carvalho é morador de Campo Grande, mas, há oito anos, resolveu montar sua barraca na entrada do parque por sugestão de um amigo, que morava na área. Os galetos são preparados na brasa por ele e a esposa: 80 kg por dia, o que rende cerca de 70 quentinhas bem servidas. Normalmente, não sobra nada. Hoje, o negócio faz sucesso, atraindo pessoas de outros bairros da Zona Sul para comprar o famoso galeto.

Ainda na Gávea, há diversas opções na Avenida Padre Leonel Franca, no trecho entre o portão da PUC e a entrada do Planetário. As comidinhas preferidas pelos alunos são os Salgados da Denise e o yakisoba, do Amarelinho da Gávea. Denise Souza – ou simplesmente “tia”, como é chamada por muitos dos estudantes da universidade – trabalha ali há 20 anos, sendo uma das figuras mais conhecidas na área. Ela testemunhou mudanças, como a regularização das barraquinhas – por volta de seis anos atrás – e as idas e vindas dos outros vendedores: “Muita gente desistiu, mas eu persisti e continuo aqui”, comenta. Entre os salgadinhos mais pedidos do quiosque estão a batata frita e os anéis de cebola, que também são vendidos por encomenda.

Por trás do sucesso do Amarelinho da Gávea está o casal Fábio Alves e Elisangêla Rodino, a tia Dedê. Há 15 anos trabalhando no mesmo local, o negócio foi se adaptando ao longo do tempo: inicialmente, só vendiam hambúrguer, tanto para os alunos da PUC quanto para os frequentadores da boate 00, que funcionou ali ao lado. Como a procura era maior no período da tarde e da noite, decidiram investir em cardápio para o almoço, e o yakisoba foi o escolhido. Agora, a barraquinha conta com hambúrgueres, salgados e os yakisobas – tudo com opções com carne, vegetarianas e veganas. De acordo com Fábio, passam pelo quiosque de 80 a 130 clientes por dia, sendo que o item mais pedido é o yakisoba de frango. Elisangêla afirma que “com a pandemia, nós perdemos muitos clientes, que se formaram. Mas muitos que já estavam aqui antes e ainda não terminaram os estudos nos apresentam aos calouros”.

Na praça Santos Dumont, o destaque é o Espírito de Porco. O negócio foi criado por Ragi Achcar há cinco anos e, como o nome sugere, é especializado em carne de porco. O comerciante conta que foi após uma viagem a Roma, há sete anos, que caiu de amores pela carne suína, ao conhecer a porchetta (barriga de porco recheada de carne magra e temperos). A partir dali, começou a fazer o prato em casa, até que foi convidado para participar de um evento gastronômico. Hoje, a marca tem dois foodtrucks, um fixo na Gávea e outro para rodar os eventos. De acordo com Ragi, a recepção do público é sempre positiva, tanto que estão com a agenda fechada até o final de maio. O menu é recheado de sanduíches preparados de maneiras diferentes e com diversas partes do porco, além, claro, da famosa porchetta.

No Horto, o FTTC (Food Truck Tempero Caseiro) vem fazendo sucesso. Instalados na ilha em frente à entrada do SERPRO, Pedro Marins e Júlio Neto apostam em petiscos diferentes, como croquete de carne, pastel de camarão e espetos de carne, frango, salsichão e coração de galinha. Amigos de infância, eles uniram forças durante a pandemia e abriram o negócio em dezembro do ano passado. Como Júlio já trabalhava com congelados, decidiram investir em um food truck no bairro em que cresceram, ocupando um espaço ocioso no Horto, onde antes só havia lixo e lama: “Não foi fácil, passamos dois meses esperando o alvará, mas agora está tudo certo e já estamos até fazendo festas de aniversário aqui no espaço”, afirma Pedro. Para o outro sócio, formar um público e cuidar de um espaço que é de toda comunidade, nos mínimos detalhes, é um trabalho de formiguinha:

– Como o bairro é pequeno, achamos melhor fugir de hambúrguer e criar um cardápio variado. Os moradores estão gostando da novidade e já estamos pensando em opções alternativas para o inverno, com caldos e vinhos – adianta Júlio.

Ali perto, na rua Jardim Botânico, em frente ao banco Itaú, Ivan Avelar e sua esposa Elisângela, cuidam com esmero do negócio, aberto há quatro anos no bairro: o Hot Dog do Baiano. Baiano, como Ivan é conhecido, era dono de um restaurante em Copacabana, que, por oito anos, participou do Comida di Buteco até que teve que fechar as portas devido à crise financeira.  Ao frequentar o JB acompanhando Elisângela, que trabalhava no bairro, Ivan percebeu que existia uma carência de sanduíches com preço mais em conta e decidiu apostar em um novo empreendimento. Ao investir na qualidade do atendimento e em produtos frescos, o comerciante formou sua própria clientela e chegou a vender uma média de 140 unidades antes da pandemia. Agora, o movimento está voltando, e ele já está vendendo 60 hot dogs por dia.

– Foi um período muito difícil, começamos do zero, mas aos poucos estamos retomando o negócio. Nosso segredo é a qualidade e o amor com que fazemos cada sanduíche – afirma Baiano.

O esforço está dando resultado. A dupla está com um novo ponto, na Lagoa, nos finais de semana: “Quando a comida é boa, o boca-a-boca corre e ajuda o negócio”, conclui.

Quando se fala em comida de rua, impossível não citar o Cachorro Quente do Oliveira. Criado há quase 50 anos, o quiosque passou 30 deles no mesmo endereço: a calçada central da rua Humaitá, em frente à rua Viúva Lacerda. O Oliveira foi um dos precursores do horário noturno na cidade, com pico de clientes em plena madrugada. “As turmas chegavam depois de shows e baladas, especialmente após os eventos do antigo Ballroom”, lembra o idealizador da marca Oliveira Ferreira da Silva, que passou a estacionar seu trailer no Humaitá em 1991. Reza a lenda que foi ele quem introduziu a batata palha como complemento de seu cachorro quente, feito com linguiças especiais e variedade de molhos. O paladar dos frequentadores ficou mais apurado ao longo do tempo e, hoje, um dos destaques é o Brownie Delícia e o Not Dog, que faz a festa dos vegetarianos.

Na mesma rua, há um ano, surgiu um novo point gastronômico, só que em outro fuso horário. A moradora da Pacheco Leão Fabiana Ruas estacionou seu food truck perto do colégio Pedro II. Ela afirma que os campeões de venda do F & F Delícias Carameladas são os empadões de frango e frango com catupiry, apesar de os horários de maior movimento serem os de manhã cedo e perto da hora de fechar, quando o destaque é o caldo de cana, difícil de ser encontrado na região fora das feiras livres. Para acompanhar, misto quente ou pastel, de acordo com o gosto do freguês. A maior preocupação da comerciante é a segurança:

– Logo no começo, o food truck foi arrombado e roubaram o micro-ondas. Depois disso, instalamos alarme e câmeras e colocamos muitos cadeados, e não aconteceu mais – conta Fabiana.

Acarajé da Cátia(21) 98917-5844 / 21. 96931-4805
Parque da Cidade – Rua Santa Marinha – Gávea
Funcionamento: aos domingos – de 10h às 15h

Hot Dog do Baiano – (21) 99752-7171 / 97508-8516
Jardim Botânico (em frente ao banco Itaú)
Segunda a sexta, das 12h às 21h, na rua Jardim Botânico 716
Sábado e domingo – Parque dos Patins, a partir de meio-dia
Entrega no Jardim Botânico com taxa de R$ 5,00.

Amarelinho da Gávea – (21) 97055-7948
Terminal da PUC, último quiosque

Caldos do Zé(21) 98100-9088
Estrada Santa Marinha 57, Gávea

FTTC (FoodTruck Tempero Caseiro) – (21)97340-9766
Rua Pacheco Leão (em frente ao número 1206 – Horto)

Espírito de Porco – 99988-8207
Praça Santos Dumont – Gávea

Cachorro Quente do Oliveira
Rua Humaitá s/n (em frente ao número 210)

F & F Delícias Carameladas – (21) 97238-4143
Rua Humaitá s/n (em frente ao número 70)

Marcílio Frango na Brasa – (21) 96626-5702
Estrada Santa Marinha 55, Gávea

Salgados da Denise – (21) 97351-6634
Terminal da PUC, quiosque 11

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